Nove dias após o anúncio da reabertura do inquérito à gestão que Hillary Clinton terá feito do email pessoal para tratar de informação oficial, enquanto secretária de Estado, e a apenas dois dias das muito disputas eleições americanas, o diretor do FBI, James Comey, informou em carta enviada ao Congresso que, afinal, não existem “indícios novos” na investigação. “Não mudámos as conclusões que tirámos em julho em relação a Mrs. Clinton”, escreveu.
Na altura, o diretor da polícia federal norte-americana considerou que Hillary Clinton tinha sido “descuidada” na forma como lidou com informação sensível de Estado mas, apesar disso, não encontrou matéria criminal para avançar com uma acusação.
Foi debaixo de uma chuva de críticas, por parte de quem o acusa de interferir na campanha eleitoral, que James Comey informou os líderes do Congresso, no domingo, 6, que o exame aos novos emails da candidata democrata – desta vez, 650 mil mensagens terão sido passadas a pente fino, segundo a imprensa americana – não alterou as conclusões anteriores da sua equipa de investigadores.
Contrariamente à carta anterior, desta vez Comey não se alargou em comentários, não esclarecendo sequer se a equipa de investigadores leu ou não a totalidade dos emails nestes 9 dias, e se investigação foi abandonada em definitivo. Fontes citadas pelo New York Times afirmam que muitas das mensagens lidas pela polícia federal norte-americana eram pessoais ou duplicados de outras previamente examinadas pela equipa de investigadores.
Queda nas sondagens
Quando, no passado dia 28, James Comey, um republicano, informou o Congresso sobre a reabertura da investigação aos emails da ex-secretária de Estado, Hillary Clinton perdeu pontos nas sondagens e ficou atrás do seu rival republicano Donald Trump. Até agora, a linha seguida pelo FBI tinha sido a de nunca abrir inquéritos contra candidatos a menos de dois meses de um escrutínio – a não ser que esteja em causa matéria criminal muito delicada. Desta vez, não o fez. Para, afinal, não dar em nada.
Claro que Donald Trump não perdeu a oportunidade de marcar pontos a seu favor. Registando com agrado a subida nas sondagens, que o deixaram a um passo da Casa Branca, considerou o caso dos emails “mais importante que o [escândalo] Watergate”, e acusou a rival democrata de ter cometido “crimes contra o país”. Se perder a eleição presidencial, já disse que os republicanos irão avançar com um pedido de impeachment contra Hillary.
A reabertura do inquérito pelo FBI foi decidida com base na descoberta de novos emails da candidata democrata num computador pessoal do ex-congressista Anthony Weiner, que é marido de Huma Abedin, uma antiga adjunta de Hillary Clinton no Governo. Aparentemente, o FBI terá encontrado o rasto desta nova informação ao investigar uma troca de mensagens ilícitas entre Weiner e uma adolescente menor de 15 anos, que se encontra sob investigação.