2012
– BES faz um aumento de capital. É o único entre os grandes bancos a não aceder à recapitalização com dinheiro da troika
– Ricardo Salgado adere à amnistia fiscal (RERT III) e faz três correções à declaração de IRS, pagando 4,3 milhões de euros adicionais de imposto. Explicou que o dinheiro regularizado “foi ganho no estrangeiro”, durante os 18 anos em que viveu fora de Portugal
2013
– Chega ao fim a aliança entre Semapa e BES e, com ela, as relações entre as famílias Queiroz Pereira e Espírito Santo. Na sequência da zanga, Pedro Queiroz Pereira entrega ao Banco de Portugal documentos incriminatórios sobre o GES
. O BES usa o seu maior fundo, o Espírito Santo Liquidez, para financiar o banco e as empresas do grupo. É o primeiro sinal público de que algo não corria bem no universo familiar
– O Banco de Portugal envia uma carta ao Espírito Santo Financial Group (ESFG), alegando “exposição financeira excessiva do grupo financeiro sobre o ramo não financeiro”. O supervisor impõe a tomada de medidas que isolem o banco e os clientes dos riscos decorrentes do “buraco” entretanto descoberto na Espírito Santo International (“ring fencing”)
– José Maria Ricciardi desafia a liderança do primo Ricardo Salgado. A briga torna-se pública e aumenta o nervosismo dentro do GES
2014
– O Banco de Portugal ordena uma auditoria externa à holding não financeira do GES, a pretexto de garantir que os investidores de papel comercial estão isentos de risco
– A CMVM publica o prospeto do aumento de capital do BES com vários alertas sobre eventuais irregularidades na instituição. Apesar dos avisos, a oferta, que gera um encaixe de 1045 milhões de euros, é totalmente subscrita
– A 24 de julho, Salgado é constituído arguido e ouvido no Tribunal Central de Instrução Criminal, depois de ter sido detido em casa. Sai sob fiança de três milhões de euros. A 30, o BES anuncia prejuízos recorde na banca portuguesa de 3,6 milhões de euros no primeiro semestre. Afastado do banco, Salgado é substituído por Vítor Bento
– A 3 de agosto, é conhecida a resolução do banco. O BES fica com os ativos tóxicos e nasce o Novo Banco, que recebe uma injeção de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução. O governador Carlos Costa garante que a decisão não terá custos para os contribuintes
– Em setembro, Vítor Bento demite-se da presidência do Novo Banco, alegando divergências com os planos do Banco de Portugal para a venda imediata da instituição. É substituído por Eduardo Stock da Cunha
– Em novembro, a casa de Salgado, a sede do Novo Banco e a casa de Amílcar Morais Pires são alvo de buscas. Arrancam os trabalhos da comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES
2015
– Em março, nove entidades confirmam interesse na aquisição do Novo Banco, mas só sete apresentam propostas não vinculativas
– Em maio, Carlos Costa é reconduzido para um novo mandato no BdP
– Em junho, fazem-se novas buscas e arrestos a empresas do GES e a propriedades de antigos administradores. Os lesados do BES manifestam-se dentro e fora do País
– Em setembro, o Banco de Portugal comunica que não vai vender o Novo Banco à chinesa Anbang e enceta uma nova ronda de negociações com outros dois candidatos. Sem sucesso
– Em outubro, o ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro é contratado pelo Fundo de Resolução para vender o Novo Banco, com um salário mensal de cerca de 30 mil euros. Ricardo Salgado é acusado pelo Banco de Portugal de irregularidades na gestão do BESA
– Em novembro, o Novo Banco chumba nos testes de stress e revela insuficiência de capital de 1 398 milhões de euros. A solução passa pela venda de ativos
– Em dezembro, Ricardo Salgado deixa de estar em prisão domiciliária e fica com termo de identidade e residência. O Novo Banco é capitalizado em 1 985 milhões de euros com a saída de dívida sénior para o BES mau
2016
– Em março, o Banco de Portugal confirma o relançamento da venda do Novo Banco
– Em junho, quatro entidades manifestam interesse na compra. Ricardo Salgado é condenado pelo supervisor ao pagamento de 4 milhões de euros pelo crime de manipulação de contas da Espírito Santo International. O ex-banqueiro fica proibido de exercer funções no setor financeiro durante dez anos
– Em julho, Eduardo Stock da Cunha sai do Novo Banco e entra António Ramalho. Ricardo Salgado enfrenta a terceira acusação do BdP por não cumprir as regras de controlo de capitais em diversas filiais do antigo BES
– Em outubro, o grupo chinês Misheng entra na corrida, apesar de não se ter apresentado ao concurso de venda. Mas acaba por ficar pelo caminho, por falta de solidez financeira
2017
– Em janeiro, o BdP recomenda a venda ao fundo norte-americano Lone Star, mas a exigência de prestação de uma garantia do Estado é recusada pelo Governo, a pretexto de evitar impacto sobre as contas públicas. À esquerda e à direita, ganha força a hipótese da nacionalização do banco
– Em fevereiro, o BdP insiste no fundo norte-americano Lone Star e, dois anos e meio após a resolução do BES, abre uma “fase definitiva” de negociações exclusivas
– Em março, surge uma nova proposta para o Novo Banco: a Aethel, maior acionista da Pivot, onde o ex-ministro Miguel Relvas tem 31%, oferece cerca de 4 mil milhões de euros pela instituição