Agência de “rating” canadiana DBRS tem agendada para esta sexta-feira, 21, uma reapreciação da classificação da dívida pública portuguesa. Ainda que a atual nota das obrigações nacionais seja baixa, a DBRS classifica-as um grau acima de “lixo” – isto é, (ainda) não as considera como especulativas, ou seja aplicações de alto risco.
Por enquanto, a DBRS é a única das grandes grandes agências de avaliação de risco de dívida que confere um grau de “investimento” à República Portuguesa, não a classificando como “lixo”, como é o caso da Moody’s, Fitch e Standard and Poor’s.
Qualquer país do euro, para ser apoiado pelo Banco Central Europeu, através da aceitação da sua dívida como colateral nas operações de financiamento da banca ou através do programa de expansão quantitativa, tem de ter uma nota melhor do que “lixo” em, pelo menos, uma dessas quatro agências. Quer isso dizer que, se a DBRS baixar a nota a Portugal, o País deixará de ter acesso a esses mecanismos do BCE.
Em abril, na sua mais recente análise à economia portuguesa a DBRS manteve uma perspetiva estável ao ‘rating’ dando à dívida do País uma nota de ‘BBB’ (‘low’), o primeiro nível de investimento, acima do ‘lixo’. Em agosto, manifestou-se cética em relação às perspetivas de crescimento da economia portuguesa, tendo admitido que a evolução do Produto Interno Bruto inferior às previsões aumentaria a pressão sobre o rating da dívida portuguesa. Outra das preocupações era, na altura, o impacto da recapitalização da Caixa Geral de Depósitos no défice orçamental. Ainda assim, mantinha a perspetiva de um ‘rating’ estável.
Fergus McComirck, chefe do departamento dos ratings soberanos naquela agência, destacou, mais recentemente, numa entrevista à Bloomberg, haver em relação a Portugal “dois pontos negativos e um positivo” – por um lado preocupações face ao crescimento económico e aos elevados juros da dívida, por outro a estabilidade política.
Recorde-se que na proposta de Orçamento do Estado para 2017, o Governo espera que a economia cresça 1,2% este ano e 1,5% no próximo e que o défice orçamental represente 2,4% do PIB em 2016 e 1,6% em 2017.
As taxas de juro das obrigações portuguesas desceram esta sexta-feira para os níveis mais baixos das últimas seis semanas nas sequência de declarações de António Costa que afirmou não ter quaisquer dúvidas de que a DBRS iria manter os títulos de dívida de portugueses com uma nota de grau de investimento.
A agência Reuters, citando analistas, lembrou ao início da tarde que as regras determinam que o governo deve ser informado de véspera sobre o resultado da avaliação das agências de rating, pelo que as declarações do primeiro-ministro foram interpretadas como um sinal de que a DBRS vai manter a classificação.