O amor clandestino, a sexualidade e a intimidade entre duas mulheres são tratados com delicadeza pelo realizador Filippo Meneghetti, que venceu o César de Melhor Primeiro Filme com Nós Duas. E notas discretas de humor quebram o dramatismo das cenas.
Madeleine e Nina vivem em apartamentos opostos, no último andar de um prédio, numa pequena vila francesa da província. As portas da entrada permanecem, na maioria do tempo, abertas, fechando-se apenas quando recebem visitas, para manter as aparências. A relação não assumida destas mulheres maduras prepara-se para uma nova etapa, com a mudança para Roma, onde se conheceram há décadas. Mas Madeleine é incapaz de “sair do armário” e de revelar aos descendentes os seus planos, inclusive à filha, que se julga muito próxima da mãe. Nina zanga-se com a companheira, frustrada com o estilhaçar de uma nova vida, longe dos preconceitos, mas um acontecimento trágico levanta obstáculos mais graves ao casal.
Em Nós Duas, as atrizes Barbara Sukowa e Martine Chevallier, veteranas a quem dificilmente a indústria cinematográfica oferece papéis relevantes na tela, respondem com brilhantismo à convocatória, em registos muito distintos.
Nós Duas > De Filippo Meneghetti, com Barbara Sukowa, Martine Chevallier e Léa Drucker > 95 min