Carsten Höller, belga nascido em 1961 e radicado na Suécia, foi cientista e especialista em Entomologia, antes da dedicação plena à arte. O seu percurso criativo assenta numa radical exploração de conceitos científicos em trabalhos de grande escala e em instalações tecnológicas. Dia reúne mais de 20 obras que exploram a luz e a escuridão; são esculturas, projeções e instalações, produzidas desde 1987, que o curador Vicente Todolí (ex-diretor do Museu de Serralves e atual diretor artístico da Fundação Pirelli HangarBicocca) dispôs dentro e fora da concha arquitetónica do MAAT, sem recorrer a estruturas de suporte nem a sistemas de iluminação. As peças de Carsten Höller habitam livremente no espaço, iluminado apenas por elas próprias, e interagem com o público através de “uma sequência de experiências multissensoriais de perceção alterada”.

Há uma carga simbólica óbvia, associada à contaminação de agentes biológicos, sociais e tecnológicos, e até sublinhada, aqui, pela existência de uma aplicação que traz dimensão digital a Dia: através da aplicação 7.8 (Reduced Reality App), os utilizadores podem aumentar ou reduzir a realidade, ao verem os seus ecrãs “tremeluzir a 7.8 Hz, uma frequência que estimula as ondas cerebrais e, após algum tempo, induz alucinações”.

Cá fora, está Light Wall [Parede de Luz], um muro com lâmpadas que cintilam nessa frequência. Lá dentro, outras obras desafiam os sentidos: Lisbon Dots contém 20 projetores de luz em quatro cores que reagem aos movimentos dos visitantes; Decimal Clock (White and Pink) revela um relógio gigante baseado numa contagem do tempo diferente, com os 110 anéis de néon a representarem um dia inteiro; Two Roaming Beds tem duas camas robóticas, cujos movimentos traçam um enorme desenho no chão – e que, nas noites de segunda, quarta e sexta, estão disponíveis para quem aí quiser dormir.
DIA, de Carsten Höller > MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > T. 21 002 8130 > até 28 fev, qua-seg 11h-19h > €5