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O público junta-se à volta de um madeiro a arder, antes de percorrer as sete casas
Luis Belo
No princípio era o fogo. Este símbolo do conforto e do recolhimento funcionou como elemento unificador do Borralho – Festival de Inverno para Pequenas Peças à Beira do Fogo. A proposta, pensada para a época baixa, começa precisamente com o público reunido à volta de um madeiro a arder, sendo de seguida dividido em sete grupos e convidado a percorrer as sete casas dos particulares que aceitaram receber a criação do Teatro Experimental do Porto (TEP). Em cada uma delas, está um ator diferente a contar a sua versão da Odisseia de Homero, também à volta da lareira. “Partimos do último capítulo da Odisseia – do regresso a casa, da matança dos pretendentes de Penélope e do exílio –, e procuramos imaginar como teria sido esta história se tivesse acontecido em Viseu”, conta Gonçalo Amorim, encenador e diretor artístico do TEP.
À ficção grega e aos relatos de Penélope, Telémaco, Eumeu, Melântio, Euricleia e a deusa Atena, juntam-se factos históricos e os testemunhos pessoais dos próprios atores, muitos deles de Viseu (amadores e profissionais, escolhidos em audições muito concorridas), material tratado pela dramaturgia de Jorge Louraço Figueira. Fundindo o presente e o passado, fala-se, sobretudo, da guerra, da emigração, da saudade e também da desertificação, que tanto afeta o interior do País. “Ao mesmo tempo que queríamos que as histórias se relacionassem com o território e com Portugal, teria de haver algo de ancestral e mitológico nas palavras que estávamos a dizer”, sublinha Gonçalo Amorim.
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Cada ator conta a sua versão da Odisseia
Luis Belo
O Borralho é uma das criações da rede Artéria, projeto de programação cultural, com coordenação artística do Teatrão, que conta com o envolvimento de oito concelhos da região centro: Belmonte, Coimbra, Figueira da Foz, Fundão, Guarda, Ourém, Tábua e Viseu. Para além do TEP, vários artistas foram convidados a trabalhar a partir destes contextos, contando com a ajuda dos municípios, instituições académicas e agentes culturais locais. A estreia do festival de inverno é esta sexta, 8, no Bairro Municipal de Viseu, e, levando a fundo a descentralização, passará depois pelas freguesias rurais da Várzea de Calde, de Aval e de Silgueiros de Bodiosa. Em março, a criação partirá em itinerância e chegará a Coimbra, Figueira da Foz e Tábua. Sempre à volta da fogueira. “Um dos vetores do projeto era cortar com a sazonalidade da oferta cultural no interior. Pode ser que este formato seja seminal de algo que venha a acontecer”, deseja Gonçalo Amorim.
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Luis Belo
Borralho > Bairro Municipal de Viseu > 8-9 fev, sex-sáb 21h > Várzea de Calde > 16 fev, sáb 21h > Aval e Silgueiros de Bodiosa > 23 fev, sáb 21h > entrada gratuita