Mostrar o trabalho desenvolvido pela Fundação Gulbenkian – não apenas no campo das artes, mas também na ciência e nos projetos que apoia e promove – e ainda cruzar diferentes públicos são os objetivos do Jardim de Verão. O modelo, ensaiado o ano passado por ocasião do 60º aniversário da Fundação, tem a partir desta sexta, 23, e até 20 de julho, dia do aniversário de Calouste Gulbenkian, uma segunda edição com concertos, filmes, conferências, exposições e visitas guiadas, leituras encenadas, conversas e atividades para a família. Com uma programação extensa, a concentrar-se ao fim de semana, destacamos sete momentos a não perder.
1. Cantar em português
Este ano, a música lusófona está em destaque no lote de concertos agendados. Neste sábado, 24, a brasileira Roberta Sá leva ao Anfiteatro ao Ar Livre, os temas do álbum Delírio, num concerto que conta com a participação de António Zambujo. Segue-se, logo no dia seguinte, a cabo-verdiana Mayra Andrade (dom, 25) e a pop tropical, e, já no final do mês, o angolano Bonga (sex, 30) que em Recados de Fora, 31º álbum de originais, regressa à sua juventude, para depois refletir sobre o despertar da consciência para a colonização portuguesa e sobre a forma como o seu pai, pescador e acordeonista, o apresentou à música. Anfiteatro ao Ar Livre > 21h > €15
2. A Gulbenkian e o Cinema Português
Para dar uma ideia do que tem sido o apoio da Fundação Gulbenkian à internacionalização do cinema português, o programa deste ano inclui uma mostra de filmes, sobretudo da última década, de novos e consagrados realizadores premiados lá fora. O ciclo A Gulbenkian e o Cinema Português começa esta sexta, 23, com Twenty-One-Twelve (2013), do realizador Marco Martins, feito em colaboração com o artista Michelangelo Pistoletto. A narrativa passa-se no dia 21 de dezembro de 2012 – o dia mais curto do ano no hemisfério norte e o dia em que, segundo o calendário Maia, terminaria o Mundo – e traça o retrato do fim de uma era através de 12 pessoas que vivem em lugares tão diferentes como Lisboa, Tóquio, Mumbai, Oxford ou uma aldeia de Trás-os-Montes.
Na segunda, 26, exibe-se Altas Cidades de Ossadas, de João Salaviza, e Tudo o que Imagino, de Leonor Noivo, que também assina Cidade, em conjunto com Pedro Pinho, Filipa Reis e João Miller Guerra, um filme sobre a diversidade e complexidade da população da área da Grande Lisboa. Até 17 julho, a mostra inclui curtas e médias metragens de Pedro Peralta, Tomás Baltazar, Filipa César, João Viana, Patrick Mendes, Gabriel Abrantes e Ben Rivers, Sérgio da Costa e Maya Koza, João Niza e Susana Nobre. Várias sessões vão contar com a presença dos realizadores para uma conversa. Sala Polivalente > 23 jun-17 jul, sex-seg 19h > grátis, mediante levantamento do bilhete no próprio dia
3. Sons no Silêncio
Aos fins-de-semana, e enquanto dura o Jardim de Verão, as leituras de poesia encenadas convidam todos a juntar-se na Clareira do Jardim para ouvir palavras de Álvaro de Campos e de Walt Whitman. Os jovens finalistas da 1ª edição do Dá Voz à Letra vão ler os textos da Ode Triunfal e de Eu Canto o Corpo Elétrico, encenados por Carlos Pimenta. Clareira do Jardim > sáb-dom 16h > grátis
4. Birkin, Gainsbourg e Gershwin
O Anfiteatro ao Ar Livre vai ser pequeno para receber o espetáculo Birkin: Gainsbourg Sinfónico, no qual Jane Birkin revisita, em versão sinfónica, os clássicos do ex-companheiro Serge Gainsbourg, falecido em 1991. A data do concerto é simbólica – 14 julho, dia da Tomada da Bastilha – e do repertório fazem parte duas dezenas de temas, como La Javanaise, Jane B, Babe Alonein Babylone, La Chanson de Prévert, Requiem pour un con, Initiales BB, My LadyHeroine ou Lost Song, que a artista britânica vai interpretar acompanhada pelo pianista japonês Nobuyuki Nakajima e da Orquestra Gulbenkian, dirigida por Jan Wierzba.
Também num clássico aposta o Coro Gulbenkian, que se apresenta no Anfiteatro ao Ar Livre com um concerto dedicado a Gershwin. No dia 1 de julho, que calha a um sábado, o Coro dirigido por Paulo Lourenço traz excertos da ópera Porgy&Bess, acompanhado por um quarteto de jazz. Antes, ao fim da tarde, haverá canções de Fernando Lopes-Graça nas vozes do Coro de Câmara Lisboa Cantat (18h) e canções tradicionais arménias num concerto a cappella do Trio Zulal (19h). Anfiteatro ao Ar Livre > George Gershwin: Porgy & Bess 1 jul, sáb 21h > €12 > Birkin: Gainsbourg Sinfónico > 14 jul, sex 21h > €30
5. Atividades para famílias
São pensadas para as crianças, mas os adultos podem, e devem, participar nas atividades educativas deste Jardim de Verão. No workshop Crescer ou Não Crescer… Eis a questão!, que acontece no Bosque (1-2 jul, sáb-dom 17h-19h, 5-10 anos, grátis), com orientação das cientistas Ana Confraria e Vera Nunes, fica-se a conhecer a Arabidopsisthaliana, uma planta utilizada como modelo em investigação científica. E descobrir como crescem afinal as plantas que, ao contrário do que acontece com os animais, não têm a capacidade de se mover para procurar mais alimento. Já Bosque, Guardadores de Sementes fala da importância das sementes, da sua diversidade, origens, cuidados a ter, como colhê-las e armazená-las (1 jul, sáb, 17h e 18h, 2 jul, dom 17h, 5-10 anos, €2). Até 16 de julho, sempre ao fim de semana e nos jardins da fundação, haverá oficinas de artes circense e de capoeira, workshops de música feita com materiais reciclados e de danças populares da Arménia, aprende-se a fabricar tinta de escrever e constrói-se, em miniatura, um jardim de sonho, que se pode levar para casa e ver crescer.
6. A Grande Guerra
Uma exposição, conferências, uma leitura encenada, concertos e um ciclo de cinema constituem o programa que assinala o centenário da guerra de 1914-1918. Tudo com entrada livre. Na quarta-feira, 28 – primeiro dia da conferência que vai debater os efeitos do conflito na literatura, artes plásticas, música, teatro, cinema, política e na religião –, Tiago Torres da Silva apresenta, às 19 horas, Pra um país tão pequeno. Uma leitura encenada com texto do próprio escritor e encenador, e a participação de dois atores e dois fadistas. Enquanto Maria Carson e Tiago Fernandes dão voz às palavras, os fados são interpretados por Joana Amendoeira e Rodrigo da Costa Félix na Escadaria da Zona de Congressos do Edifício Sede. Depois, no sábado, 30, abre ao público Tudo se Desmorona, exposição que dá conta do impacto do conflito na sociedade e na cultura portuguesas, no período que vai de 1914 a 1935. Dividida em seis núcleos, inclui obras de arte – de Leal da Câmara a Amadeo de Sousa-Cardoso, passando por Hein Semke –, mas também fotografias, objetos, documentos e outros materiais.
O programa fica completo com o ciclo de cinema Imagens da Grande Guerra que acontece de 4 a 6 de julho, na Sala Polivalente do Edifício da Coleção Moderna, e três concertos com a Banda da Armada (2 julho), Banda Sinfónica do Exército (9 julho) e Banda da Força Aérea (16 julho), sempre às 21 horas, no Anfiteatro ao Ar Livre.
7. Dia Calouste Gulbenkian
O Jardim de Verão termina do dia 20 de julho, data de aniversário de Calouste Gulbenkian – primeiro com um concerto, às 19 horas no Anfiteatro ao Ar Livre, pela Orquestra Gulbenkian e a participação dos dois vencedores do Grande Prémio Jovens Músicos. Depois com Gisela João que se apresenta às 21 e 30 no Grande Auditório, com Nua, disco editado no final do ano passado. Ambos os concertos são de entrada gratuita.
Jardim de Verão > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45, Lisboa > T. 21 782 3000 > 23 jun-20 jul