“Cada projeto é um desafio, mas este é mítico.” É desta forma que Álvaro Siza Vieira se refere ao novo centro de visitas do Palácio de Alhambra, em Granada, desenvolvido em parceria com o arquiteto espanhol Juan Domingo Santos, um dos seus trabalhos mais mediáticos, que agora chega a Serralves. Inserido no programa dedicado à arquitetura contemporânea e à obra de Siza, a exposição Visões da Alhambra, que reúne diversos desenhos, maquetas, vídeos, entrevistas, fotografias e livros sobre o projeto, convida a entrar na mente do arquiteto português.
“São esquissos íntimos, de trabalho, e permitem entender um pouco a metodologia e a forma como ele se aproxima ao projeto”, diz-nos António Choupina. O comissário da exposição lembra que, através do desenho, estabelecemos uma relação muito íntima com Siza, que “está sempre a desenhar”. Aliás, durante muitos e esgotantes meses, o arquiteto dormia com um caderno a seu lado para criar a “Porta Nova” de Alhambra dos seus sonhos.
Cativado pelo Alhambra desde a primeira visita, numa viagem de família em 1940, Siza reencontrou-se com o local da última grande civilização islâmica na proposta ímpar do centro de visitas, que liberta o horizonte, dá lugar à contemplação e distribui os seus 8500 visitantes diários. Depois de Berlim, Granada, Oslo e Toronto, a exposição, pensada inicialmente para arquitetos, foi adaptada para chegar a outros públicos. E, como a mostra pretende ser dinâmica, inclui alguns materiais que, ao longo dos últimos anos, foram sendo divulgados sobre o novo centro de visitas.
Pela primeira vez, há um protótipo do projeto em betão, com a mesma pigmentação avermelhada do Alhambra, para ver no foyer. Será preciso descer à biblioteca para perceber o contexto histórico, as entrevistas, as maquetas de maior escala e os desenhos técnicos, numa espécie de circuito ao longo de um muro curvilíneo. O projeto – que atualmente, lembra António Choupina, está “num limbo de disputas políticas” – volta a ser discutido, pondo o foco na intervenção em espaços históricos que “devemos proteger mas não cristalizar no tempo”.
Visões da Alhambra > Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. D. João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > 8 mar-28 mai, ter-sex 10h-18h, sáb-dom, fer 10h-19h > grátis