Para Júlio Pomar, Dom Quixote é daqueles livros que sempre lá estiveram. Ao longo de 90 anos de vida e mais de 70 de obra, a narrativa de Cervantes foi e voltou, consoante as marés da inspiração e das encomendas também. A primeira vez foi em 1959, ainda antes de o pintor se fixar em Paris, a propósito de uma edição da Bertrand. A ele regressou depois em 1998, por causa de uma exposição na Cidadela de Cascais. E ainda entre os anos de 2004 e 2005, coincidindo com uma edição especial no jornal Expresso. São essas três fases que estão agora, e até ao final do ano, numa exposição no Museu Municipal de Óbidos.
A exposição Dom Quixote Por Júlio Pomar, que reúne 20 obras, dá início à segunda edição do FOLIO, o Festival Literário Internacional de Óbidos que se realizará entre 22 de setembro e 2 de outubro e que este ano pretende trazer a Portugal os escritores V.S. Naipaul e Salman Rushdie. A ideia também é, explica-se em comunicado à Imprensa, assinalar os 400 anos da morte de Cervantes. “Esta exposição permite que se vejam, pela primeira vez em simultâneo, obras de todas as fases do pintor sobre um dos universos que ele mais visitou ao longo da sua carreira, mostrando a relação de Pomar com a obra de Cervantes ao longo de quase meio século”, diz Alexandre Pomar, crítico de arte, filho do pintor, presidente da Fundação Júlio Pomar e ainda curador da exposição. Por isso Dom Quixote Por Júlio Pomar não é só sobre um cavaleiro, seu fiel amigo e companheiro Sancho Pança e seu cavalo Roncinante. É também sobre um pintor que, aos 90 anos, continua a deixar-se encantar por um romance pícaro que tanto tem de idealista como de realista.
Museu Municipal de Óbidos > R. Direita, 97, Óbidos > T. 262 955 500 > até 31 dez > ter-dom 10h-13h, 14h-18h > grátis
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A primeira vez que Júlio Pomar se interessou pela obra de Cervantes foi em 1959
Gonçalo Rosa da Silva