É em frente a uma tenda de campismo que quatro pessoas discutem o que pode ser uma boa pequena distração poética para a população: estátuas da Branca de Neve e dos 7 Anões? Uma dança debaixo de bolas de sabão? Cartazes com regras de bom comportamento? Uma baleia encalhada numa praia do Rio de Janeiro? “Você acha isso bom?”, pergunta-se, várias vezes, com sotaque português e brasileiro. Em palco, contracenam as portuguesas Cláudia Gaiolas e Paula Diogo e os brasileiros Thiare Maia Amaral e Renato Linhares (em substituição de Michel Blois, cocriador da peça). Serão duas as histórias que ali se cruzam – a do Departamento de Distrações e Clarificações, e a de Laura, locutora de trânsito na rádio que, um dia, resolve inventar indicações. Com muita diversão e melancolia à mistura, conta Cláudia Gaiolas, O Grande Livro dos Pequenos Detalhes nasceu da vontade dos quatro criadores – e ainda do dramaturgo inglês Alexander Kelly, que escreveu o texto – trabalharem juntos, depois de se terem encontrado em Lisboa, em 2010, no projeto Estúdios, e do gosto de todos por histórias de detetives. “A complexidade e a ingenuidade das histórias é o que faz esta peça interessante”, diz Cláudia. Em cena, os quatro personagens andam em busca de pistas e detalhes que façam a diferença na vida dos outros. “Querem que as pessoas olhem para as coisas de forma diferente, distraí-las dos seus problemas”, explica a atriz. Será isso que querem também os atores naquele palco? “Nunca fiz essa relação, mas claro que falámos disso. Não foi um propósito, mas está lá”, responde Cláudia Gaiolas. Em palco, procura-se sempre alguma coisa, que estará algures nalgum sítio – não o fazemos nós também fora dele?
Teatro Municipal Rivoli > Pç. D. João I, Porto > T. 22 339 22 01 > 15-16 jan, sex 21h30, sáb 19h > €7,50