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Mário Sabino Sousa
Ruínas de gente – foi o que a norte-americana Lynn Nottage encontrou num campo de refugiados no Uganda. A partir de testemunhos reais de mulheres congolesas fugidas da guerra escreveu Ruínas, ficcionando as suas histórias de violação e de escravatura. O musical valeu-lhe, em 2009, o prémio Pulitzer para melhor texto dramático. E há muito, confessa o encenador António Pires, que andava com esta peça às voltas na cabeça. “São histórias reais e muito, muito, mesmo muito duras. A música aqui vai funcionando como um elemento de esperança”, diz. Para esta adaptação – uma coprodução do Teatro São Luiz, Teatro do Bairro e Teatro Griot –, o encenador chamou a cantora Selma Uamusse, Adriano Diouf, Daniel Martinho e Matamba Joaquim, entre outros atores negros. “Todos ou quase todos, incluindo eu, que nasci em Angola e vim para Portugal quando começou a guerra civil, temos histórias de guerra. É um tema tabu, mas muitos somos refugiados”, sublinha. Também por isso, quis trazer para mais junto de nós esta história. Pediu a Filipe Raposo que compusesse novas músicas e a Kalaf que escrevesse as letras. “Senti a necessidade deste espetáculo ser entendido pelas pessoas cá. Mantém-se algum gospel da versão americana, mas esta África aqui no palco é mais lusófona”, conta. À plateia pede também que pense no que se passa hoje com tantos que fogem da guerra. “Acredito que estas histórias ajudem a perceber o que faz uma pessoa pôr-se num barco de borracha no Mediterrâneo”, afirma António Pires.
O realizador e fotógrafo Tony Gerber, marido de Lynn Nottage, retratou as seis mulheres que deram origem ao texto. Ruined estará nas ruas entre o Teatro do Bairro e o Teatro São Luiz, de 7 a 17 de janeiro. No dia 7, às 18h30, Gerber, habituado a trabalhar em cenários de guerra, participa num debate no Teatro do Bairro.
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Mário Sabino Sousa
Ruínas > Teatro Municipal São Luiz > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7650 > 6-16 jan, ter-sáb 21h, dom 17h30 > €5 a €15