Há algum tempo que a chanceler Elena Vernham (Kate Winslet) não sai do palácio. É a líder autoritária de um país europeu fictício (recriado na Áustria e no Reino Unido), cujo regime se desmorona pouco a pouco.
No imediato, está obcecada com micotoxinas, num palácio higienizado até à exaustão. Elena está tão paranoica com a humidade nas salas que requisita, para a proteger do mofo, um soldado, Herbert Zubak (Matthias Schoenaerts), que se torna, mais tarde, um confidente improvável e capaz de a influenciar.
O início da minissérie de seis episódios prima pelos excessos que tão bem caricaturam os ditadores de um mundo polarizado. O Regime é uma ideia de Will Tracy, que também assina o argumento – tal como o do filme O Menu e de episódios de Succession e Last Week Tonight with John Oliver –, e conta com a realização do britânico Stephen Frears (A Rainha, Ligações Perigosas).
Kate Winslet encarna uma mulher insegura, mas determinada, de uma elegância que a torna poderosa. Considera-se “gente comum” e descreve a burocracia como “uma terrina de sopa com minhocas”. A série apresenta também um quase irreconhecível Hugh Grant como líder da oposição, recentemente preso no país (lembram-se de Alexei Navalny?), Andrea Riseborough no papel de braço-direito de Vernham e Martha Plimpton como a secretária de Estado dos EUA.
Formada em Medicina, a chanceler garante que a jovem república da Europa Central está pronta para adotar um “governo corporativo moderno”. No entanto, as instituições denunciam que Elena Vernham ordena intensa vigilância física e eletrónica aos cidadãos do país, embora ela esteja mais preocupada com a propagação da desinformação (ei-la, uma inimiga por excelência dos regimes autoritários), numa altura em que estão mais perto do que nunca da democracia – ou da sua versão dela.
O Regime > Estreia 4 mar, seg > 6 episódios, um novo a cada segunda