Serra Nevada, na Andaluzia, Montevideu, no Uruguai, e várias localizações nos Andes, do lado do Chile e da Argentina, davam um roteiro de viagem, mas não é por isso que os enumeramos em primeiro lugar. Nestes locais, gelados e cobertos de neve, rodou-se A Sociedade da Neve, a quinta longa-metragem do cineasta espanhol J.A. Bayona (O Orfanato e O Impossível), um relato menos explícito e mais emotivo do que os anteriores, dedicado aos sobreviventes de uma tragédia.
Em 1972, o voo 571 da Força Aérea Uruguaia transportava uma equipa de râguebi, para o Chile, quando se despenhou no vale das Lágrimas, no coração dos Andes. Só 29 dos 45 passageiros sobreviveram. Esta é a história real que serve de base à narrativa, mas o realizador toma como fonte de inspiração o romance escrito por Pablo Vierci, que empresta o título ao filme, e distancia-se da versão de Estamos Vivos, de Frank Marshall, em 1993.
Nos primeiros momentos, a ação transporta-nos para o interior do avião, onde se veem os jogadores em alegre camaradagem. Mas eis que chega o desespero, e somos confrontados com as personagens em situações-limite, retratadas com uma estética poderosa e povoada de grandes planos dos sobreviventes. Estes homens, interpretados por atores como Agustín Pardella (Nando Parrado), Enzo Vogrincic (Numa Turcatti) ou Matías Recalt (Roberto Canessa), veem-se forçados a recorrer a medidas extremas para sobreviver, incluindo o canibalismo, mas unidos lutarão para voltar para casa.
É desta vontade de viver, face à catástrofe e num cenário impiedoso, que fala A Sociedade da Neve. Em estreia na Netflix, nesta quinta, 4, há de representar Espanha na 96ª edição dos Oscars, mas já encerrou o Festival de Cinema de Veneza e recebeu o Prémio do Público no Festival de San Sebastián.
A Sociedade da Neve > Estreia 4 jan, qui > 144 min