A primeira e a última cena de Fair Play não poderiam ser mais diferentes. No início, vemos dois amantes em estado de felicidade; no final, eles estão num confronto feroz.
Emily (Phoebe Dynevor) e Luke (Alden Ehrenreich) são dois analistas financeiros ambiciosos, que bebem muito, dormem pouco, fazem ótimo sexo e não podem levar os sentimentos para o trabalho. Todas as manhãs, fazem o caminho separados até ao escritório da One Crest Capital, onde fingem ser estranhos. O relacionamento, aparentemente feliz do jovem casal, é perturbado quando ela consegue uma promoção e ele não: a tensão entre os dois torna-se muito mais do que profissional.
Realizado e escrito pela estreante Chloe Domont, Fair Play apresentou-se no Festival de Cinema de Sundance, em janeiro deste ano, e foi comprado pela Netflix por 20 milhões de dólares. Não admira, o filme agarra-nos ao longo de duas horas. Depois de ter realizado alguns episódios de séries de televisão (Billions e Ballers, entre outras), a realizadora californiana, de 36 anos, quis fazer um thriller sobre as dinâmicas de poder no seio de um relacionamento e trazer à discussão as zonas cinzentas do comportamento humano, levantar questões. Como lidar com dinheiro, poder e o status?
Os atores ajudam na equação. Phoebe Dynevor sai-se bem melhor no filme do que na série Bridgerton; e Alden Ehrenreich, que já tinha trabalhado com os irmãos Coen na comédia Hail, Caesar!, em 2016, deu recentemente nas vistas no papel de Han Solo, na série da Disney sobre o herói do universo Star Wars.
Fair Play não é tanto sobre empoderamento feminino, mas sobre a fragilidade masculina. “Estou tão feliz por ti”, diz Luke a Emily, quando ela é promovida. E esta acredita… por algum tempo.
Fair Play > De Chloe Domont, com Phoebe Dynevor, Alden Ehrenreich e Eddie Marsan > 115 minutos