Se há pessoa que se pensaria que iria experimentar o ChatGPT é, seguramente, o criador de Black Mirror. Outra coisa não seria de esperar de Charlie Brooker, que ao longo das cinco temporadas anteriores apostou em histórias e personagens com uma relação bizarra com a tecnologia. Desde transferências de consciência a implantes sinistros, de sistemas de vigilância a redes sociais suspeitas, de dispositivos malignos a cães e abelhas que são robôs assassinos, tudo isto foi permitido.
O criador inglês de 52 anos já experimentou o ChatGPT e, no fim, não disse coisas boas, como contou em entrevista à revista Empire. Depois de ter usado o programa de Inteligência Artificial, pedindo-lhe que criasse um novo episódio da série antológica, percebeu o seu método de trabalho. O ChatGPT pesquisou na internet e encontrou as sinopses dos 22 episódios anteriores, baralhou-as e criou um novo texto. Conclusão: “É uma porcaria”, disse Brooker. Mas serviu-lhe para perceber que já escreveu demasiados episódios com personagens presas dentro de computadores.
Que novidades trazem agora os novos episódios? A Joan É Péssima conta a surpresa de uma mulher comum (Annie Murphy) ao descobrir que uma plataforma de streaming lançou uma adaptação dramática da sua vida, interpretada por Salma Hayek. Em Loch Henry, o crime é visto de perto, quando um casal (Samuel Blenkin e Myha’la Herrold) vai para uma pacata cidade escocesa trabalhar num documentário sobre natureza.
Beyond the Sea, com Aaron Paul, Josh Hartnett e Kate Mara, passa-se em 1969, quando dois homens entram numa perigosa missão de alta tecnologia. Em Mazey Day há celebridades problemáticas e paparazzi invasivos. Demónio 79 vai das profundezas do inferno ao Norte da Inglaterra, até 1979, quando uma vendedora se vê obrigada a cometer atos terríveis para evitar um desastre.
A sinopse genérica descreve esta temporada como sendo “a mais imprevisível, inclassificável e inesperada”. Veremos.
Black Mirror > Netflix > Estreou 15 jun, qui > 5 episódios