“Vamos viajar!”, convida a guia, assim que deixamos a receção do novo Museu-Vivo da Pinhais, em Matosinhos, que é também a loja da conserveira com 101 anos de vida. “Sejam bem-vindos a 1920. A fábrica não mudou, tudo permanece igual”, continua. E assim é. Os mesmos azulejos e tijoleira no chão, os vidros ainda com os símbolos antigos da Pinhais (um barco, um pescador e o mar), a escada de madeira em caracol, as fotografias dos fundadores: os dois irmãos Pinhal (em 2016, a empresa foi comprada pelos austríacos Glatz). Atravessa-se o antigo consultório médico, observam-se as velhas folhas de pagamento aos empregados, visiona-se um filme sobre a dura vida de um pescador e repete-se, sem fim, o “espírito de família da empresa”, atualmente com 146 trabalhadores – a maioria, mulheres, casadas com homens do mar. E continua-se a recuar no tempo. Visitam-se os antigos escritórios, recordam-se as encomendas de todo o mundo – uma roldana levava o pedido diretamente para a produção, no piso inferior.
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As visitas guiadas permitem ver também todas as fases de produção, cheirar os ingredientes que compõem as receitas de sardinha em conserva: pepino, malagueta, louro, cravinho, pimenta-preta… Um novo filme devolve-nos o mar, a pesca, as hortas… O molho de tomate, esse continua a ser o segredo maior da conserveira com duas marcas: a Pinhais e a Nuri. De bata e touca, entramos na fábrica, onde dezenas de mulheres se perfilam lado a lado, tratando do peixe vindo da lota que, entretanto, foi cortado, passou pela salmoura e foi a cozer a vapor. Outro grupo corta os ingredientes que hão de temperar a conserva. Tudo manual, como há um século. Até mesmo o embalamento, que cobre a lata com papel vintage.
O filme sobre a fábrica centenária
Museu-Vivo Conservas Pinhais > Av. Menéres, 700, Matosinhos > T. 22 243 4275 > seg-dom 9h-18h > €14, 5-14 anos €8, maiores 65 anos €11