Arriscamos que não há montra tão doce como esta em Campo de Ourique. E isto é só uma amostra porque já passava das seis da tarde quando parámos à frente do número 59 da Rua Ferreira Borges, ali quase no cruzamento com a Coelho da Rocha, para namorar as farófias do snack-bar O Bitoque. Àquela hora, em vez da pirâmide de pratinhos, havia apenas dois sobreviventes, de certeza que curtos para os pedidos ao jantar e um deles sem canela em pó porque o senhor Tomás não é fundamentalista.
Nascido em Queiriz, à beira de Fornos de Algodres, é ele quem todas as manhãs (menos a de sábado, dia de descanso do pessoal) faz uns 20 pratos de farófias seguindo a receita que aprendeu com o antigo patrão, também da Beira Alta. Coze as claras em castelo em leite com pau de canela e casca de limão, e engrossa o molho com as gemas – e mais não se conta.
O senhor Tomás (ou, na sua ausência, o senhor Santos) também faz leite creme, arroz doce, aletria, mousse de chocolate e pudim flan (à moda antiga em forminhas, claro), tudo vendido a 1,80 euros. Mas só as farófias são o nosso doce predileto para comemorar, rememorar e agradar o coração. No fim, só falta mesmo voltar ao Rio e abrir os braços ao Chico.