O novo livro de António Mota, Onde Está a Minha Mãe?, é o número 33 da coleção de obras do autor
Façamos uma introdução, em jeito de revelação: António Mota, um dos escritores de literatura infantil que mais livros tem escrito em Portugal, foi avô há menos de um ano. É ao neto, António Santiago, que dedica este seu último livro: Onde Está a Minha Mãe?, lançado recentemente pela Asa. A história “começou a ser escrita quando soube que ia ser avô”. “O livro anda dentro de mim bastante tempo“, conta-nos. Só não conseguiu tê-lo pronto aquando do nascimento do neto – Santiago nasceu em meados de julho e o livro ficaria concluído um mês depois –, mas foi uma espécie de presente do avô-escritor para o neto-leitor, que um dia há de vir a sê-lo.
Ilustrado por Sebastião Peixoto, artista que já tinha desenhado Dicionário das Palavras Sonhadoras, o livro leva-nos numa viagem com dois irmãos coelhos, Fabi e Bitó – “Escolhi estes nomes por causa do som e acho que dão para todas as línguas”, explica o autor – que partem à descoberta do mundo fora de uma toca escura.
– Os meninos ficam aqui quietinhos à minha espera, ouviram? Só vão conhecer o mundo quando eu achar que não há perigo. Ouviram bem?
– O que é o perigo, mamã? – perguntava a Fabi.
– O perigo é uma coisa muito má! – respondia a mãe.
– E o que é uma coisa muito má? – perguntava o Bitó.
– É tudo o que nos pode magoar. Ou até mesmo matar! Os tiros das armas dos caçadores, os dentes afiados dos cães dos caçadores, os dentes ainda mais afiados das raposas e as garras das águias são perigosos.
Um dia, contudo, aproveitando a chegada tardia da mãe, a irmã coelha Fabi (que tinha duas orelhas especiais, uma rosa e outra branca) e o irmão mais novo, Bitó, esgueiram-se da toca e vão ao encontro do sol e da mãe. Os dois irmãos veem-se, pela primeira vez, um ao outro e reparam como são bonitos. E olham o mundo, sentem os cheiros, veem quatro gafanhotos e dois cogumelos, um regato, a cabra dona Cabrela, saltam, observam flores azuis e amarelas … e o resto terá o leitor de descobrir.
Com esta história, o escritor, de 58 anos, quis transmitir aos pequenos (e grandes) leitores – e ao seu neto, em particular – que “o mundo é muito grande e não podemos olhar só à nossa volta”. António Mota esteve, no último fim de semana, na Feira do Livro de Lisboa, a apresentar Onde Está a Minha Mãe?, logo após ter chegado de São Tomé e Príncipe, onde passou uma semana em contacto com alunos desde a primeira infância à universidade. Nos próximos meses, deveremos encontrá-lo nas várias feiras do livro espalhadas por aí. A ele e aos seus livros.
Onde Está a Minha Mãe? > De António Mota > Edições Asa > 64 págs > €11,50
