Os gritos, os assobios, as palmas, os coros, os rumores e murmúrios, até mesmo o silêncio do público, são uma parte integrante e fundamental deste disco. São um eco vibrante daquilo que se passa em palco: Caetano Veloso e Gilberto Gil, com as suas canções, cada um com o seu violão. O êxito dos discos ao vivo passa muito pela atmosfera que se consegue (ou não) captar no registo sonoro. Aqui, numa gravação feita no Citibank Hall (São Paulo), na noite de 22 de agosto de 2015, a boa comunicação entre palco e plateia é evidente a cada acorde, a cada canção. Afinal, estamos a falar de duas vozes, dois músicos, que são verdadeiros tesouros do património da MPB revisitando muitas das suas canções mais populares e relevantes (28 ao todo). E a jogar em casa. Este mesmo concerto passou por Portugal (Parque dos Poetas, Oeiras) em julho do ano passado, integrado numa grande digressão europeia. Uns dias antes, a VISÃO esteve com os dois músicos, em Amesterdão, para uma entrevista exclusiva em que se ficou a perceber a extrema cumplicidade que une estes dois baianos (hoje com 73 anos) desde que se conheceram nas ruas de Salvador. “Quando a gente se junta, fica tudo mais… amador”, dizia Caetano. O prazer na comunicação entre os dois, e com o(s) seu(s) público(s), é óbvio neste disco. E é com um arrepio que se ouve, na útlima faixa, a sala a cantar A Luz de Tieta a plenos pulmões.
Esta edição, com a marca da Sony Music, inclui um DVD, mas as imagens num ecrã são absolutamente dispensáveis para nos transportarem para as emoções daquela noite, de 50 anos de carreira a multiplicar por dois.
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