Erguida num ponto alto da Malhadinha Nova Country House & Spa, com vista para as vinhas da Peceguina, a Casa das Pedras é como um miradouro. Pela manhã, através das enormes janelas envidraçadas ou no terraço, observam-se as rotinas desta propriedade rural de 450 hectares, em Albernoa, perto de Beja, onde se produz vinho e azeite, criam-se cavalos puro-sangue lusitano, vaca alentejana e porco preto.
O novo edifício de linhas minimalistas e tom dourado-palha, perfeitamente integrado na paisagem, é o sítio ideal para uma estadia a dois. Nas suítes, onde se destacam os linhos e materiais naturais, toma-se o pequeno-almoço no terraço, com vista para a ribeira de Terges que atravessa a propriedade. O serviço é de luxo – loiça da Vista Alegre, toalha e guardanapos de pano – e não descura as boas iguarias, como compotas caseiras, pão alentejano, sumo natural, bolo caseiro à fatia. Estes e outros mimos, como a piscina privada, bicicletas e um buggy para as deslocações dentro da herdade, fazem parte da exclusividade deste turismo rural, um projeto de vida da família Soares, proprietária da Garrafeira Soares, com sede no Algarve.
Quem atravessa a propriedade até à zona do alojamento – onde já existia a Country House com dez quartos e duas piscinas –, quase não dá pela Casa das Pedras, nem avista as outras quatro vilas. Uma mão-cheia de novidades que acrescentou 20 quartos à oferta, assim como outros serviços (desde entrega de refeições ou de produtos de mercearia, a serviço de chef e sommelier na vila, por exemplo).
Requinte na planície
Recuperadas a partir de ruínas preexistentes, as vilas foram decoradas de acordo com a estética e o gosto de Rita Soares, que combinou peças de design contemporâneo, assinadas por artistas como Marcel Wanders e Umut Yamac, com materiais naturais, como a terracota, o linho e o buinho (as peças decorativas e de mobiliário podem ser adquiridas, por isso há um catálogo disponível em cada uma das casas). “É difícil escolher, são todas diferentes e cada uma tem a sua história”, diz Rita.
Na aldeia de Albernoa, a cerca de cinco quilómetros da Malhadinha Nova, fica a Venda Grande. Esta vila, com quatro suítes, foi noutros tempos a mercearia da aldeia onde se vendia um bocadinho de tudo, de tecidos a drogarias.
A Casa das Artes e Ofícios, a mais próxima da ribeira de Terges, preserva e mostra o trabalho de vários artífices alentejanos. Quando está sem hóspedes, é ali que decorrem exposições, conversas e workshops dedicados aos ofícios e sabores tradicionais da região. A poucos passos fica a Casa da Ribeira e de buggy rapidamente se alcança a colina onde assenta a Casa do Ancoradouro, um edifício em forma de U, onde a partir da piscina e dos jardins se tem uma das vistas mais bonitas da herdade. “Antigamente, a ribeira de Terges era um leito navegável por onde circulavam barcos com mercadoria”, conta Rita.
Ficar na Malhadinha é sinónimo de não contar o tempo, o ritmo quer-se lento para poder aproveitar tudo o que a Natureza dá. Dos bagos de uva faz-se vinho, por isso é obrigatória uma passagem pela adega para o provar. Da horta, saem hortícolas e frutos diretamente para o restaurante Malhadinha. “É uma cozinha farm to table, feita com produtos da estação e o mais locais possível, da carne aos ovos. Não consigo pôr em palavras o que é poder cozinhar, por exemplo, com o mosto acabado de sair da adega e com ele fazer um belo borrego”, diz Rodrigo Madeira, que com Joachim Koerper, chefe consultor, idealiza os Menus do Chef (€35, €45 e €55, sem bebidas) e as cestas de ingredientes e receitas (€20 a €30) que podem ser entregues nas vilas.
Quem optar por passar aqui uns dias, não pode vir à procura dos tradicionais pacotes turísticos – na Malhadinha, os programas são desenvolvidos à medida de cada hóspede e podem incluir coisas tão variadas como andar a cavalo ou praticar tiro com arco e flecha. Certo é o sossego e a tranquilidade deste refúgio que casa na perfeição a informalidade do Alentejo com um serviço de luxo que, à primeira vista, passa despercebido.
Para fazer na herdade: Sabores e tradições da região
Workshop de Botas Alentejanas
Mário Grilo, artesão de botas alentejanas, é presença assídua na Malhadinha Nova Country House & Spa. Por marcação, este mestre desloca-se até à Casa das Artes e Ofícios para dar workshops. Nesta espécie de encontro intimista, há lugar para ver e manusear os vários modelos de botas, descobrir o intrincado processo de fabrico, aprender como se tiram as medidas e ouvir histórias, como a que dá conta da luta de Mário Grilo para preservar esta arte tradicional alentejana. A partir de €70
Workshop de barro
Os barros de Beringel são um dos materiais presentes na construção e decoração das novas vilas da Malhadinha Nova. Para ficar a conhecer esta tradição, há um workshop que leva os hóspedes até à olaria de António Mestre, uma das últimas naquela vila do concelho de Beja. Com 62 anos, este artesão tem-se dedicado ao fabrico de peças decorativas e de uso quotidiano, de que são exemplo as talhas, os vasos e alguidares. Os barros, recolhidos e escolhidos pelo oleiro em terrenos da região, podem ganhar vida na mão do visitante. A partir de €50
Piquenique Gourmet
Um dos programas gastronómicos disponíveis na Malhadinha Nova é o Piquenique Gourmet, num recanto da propriedade, com vista para as vinhas. No cesto, seguem pataniscas de bacalhau, tarteletes de legumes, miniprego de novilho e bolo de chocolate da Malhadinha. Acompanhe–se a refeição com um dos vinhos da casa e, depois, aproveite-se o sossego para dormir uma sesta à sombra de uma azinheira, com direito a manta, almofada e rede mosquiteira. €40 por pessoa