No dia em que visitámos o Liz, umas boas horas antes de o restaurante abrir para o jantar, Daniel Carvalheira andava de volta dos purés: o de abóbora, para acompanhar a codorniz e kimchi, e o de curgete, para se juntar ao pargo, chouriça e pimento. Ao mesmo tempo, afinava a nova sobremesa, feita com marmelo em várias texturas e creme de queijo, que testara há dias, com Gabrielle, responsável pela pastelaria. Daí que o chefe costume dizer que o Liz, aberto em meados de setembro, “é uma cozinha viva, porque está sempre em mudança”.
A carta inspira-se nas receitas da mãe “que levavam muito caril e caju”, nos livros que lê, nos chefes de cozinha que acompanha, nas memórias de viagens, conta Daniel, 35 anos e sorriso fácil, que passou pelos restaurantes Pedro Lemos, Euskalduna Studio (Porto), The Yeatman (Vila Nova de Gaia) e Noma (Dinamarca).
Essas influências notam-se à mesa: na gamba, caril e guanciale (€16) – o único prato que evoca Moçambique, onde Daniel nasceu mas de onde saiu muito cedo –, na tartelete de atum (€9), na lula-gigante dos Açores com amêijoa à Bulhão Pato e limão (€17), na cenoura com chalota e dióspiro (€13) ou no atum com espinafres e dashi (€28). O Liz tem um menu de degustação (€65) com seis momentos à escolha do chefe.
As hortícolas e muitos dos ingredientes vêm de pequenos produtores, tal como os vinhos e o pão de fermentação lenta (da Bicho Pão, no Porto e na Póvoa de Varzim). Daniel Carvalheira gosta de privilegiar pequenos negócios, e isso reflete-se também na sala do seu restaurante, onde cabem apenas 18 pessoas. Mais importante do que o tamanho é a entrega aos projetos. E, isso, Daniel tem de sobra.
Liz > R. de Mota Pinto, 170, Porto > T. 22 616 8024 > ter-sáb 19h-22h30