Localizado no meio do campo, numa quinta a poucos quilómetros de Évora, o Cenoura-Brava é o novo projeto do vizinho Convento do Espinheiro. “Haverá sempre uma ligação; os hóspedes podem circular entre o hotel e a quinta. Apesar de termos quatro quartos, o objetivo é trazer as pessoas ao restaurante. Pensámos que seria interessante oferecer algo diferente, em termos gastronómicos, a Évora e à região”, diz Ricardo Barreto, diretor comercial.
Numa sala minimalista, de paredes brancas, com mesas e cadeiras antigas, podem sentar-se até 14 pessoas, o número certo para que a refeição saia perfeita, da cozinha ao serviço. “Imaginámos o nosso menu como se fosse um prato, e esse prato divide-se em bocadinhos, que são os nove momentos”, explica o chefe de cozinha João Figueiredo, 24 anos.
O Cenoura-Brava (nome de uma planta espontânea, que cresce por aqui) só serve jantares, num menu de degustação que traz à mesa a microssazonalidade e os produtos locais de fornecedores num raio de até 40 quilómetros, à exceção do peixe, que vem da lota de Setúbal.
A refeição inicia com uma delicada tartelette de mousse de fígados de frango, pele crocante e gel de hibisco, ainda sem o pão de trigo barbela, as manteigas, de alho-negro e de algas queimadas, e o azeite que hão de ser servidos.
À medida que avançamos, percebemos as ligações à cozinha alentejana. Seguem-se o presunto, gema e lula, “uma reinterpretação de um ramen, mas com sabores alentejanos”, explica João Figueiredo; a língua de vaca, cebola e chalota; o peixe da lota, girassol-batateiro (tupinambo), água-mel, bivalves, e a vaca mertolenga DOP, cogumelos da estação e kimchi.
“Fazemos tudo de raiz, e não se desperdiça nada. Usamos muito os curados e os fermentados”, continua o chefe de cozinha (trabalhou com João Rodrigues, no Feitoria, em Lisboa). Duas sobremesas, um crumble de alfarroba, sorbet de pera e espuma de limão, e o marmelo, folhas crocantes, requeijão, uma parceria com a chefe de pastelaria Carla Parreira, do Convento do Espinheiro, fecham o menu.
A visita ao Cenoura-Brava pode prolongar-se para o dia seguinte, caso se reserve um dos quartos. O pequeno-almoço, servido nesta mesma sala, vale bem a pena.
Cenoura-Brava > Quinta do Santo, Évora > T. 266 788 200 > qua-dom 19h30-21h > menu €120, €95 (sem harmonização de vinhos)