Quando chega ao mercado a nova colheita, o Barca-Velha gera sempre grande entusiasmo, e até emoção, como se de um acontecimento extraordinário se tratasse. E não há que temer as palavras, pois é disso mesmo que se trata: os Barca-Velha são vinhos de colheitas excecionais, selecionados com extremo rigor, sujeitos a longos anos de estágio, para se acompanhar a sua evolução e confirmar a sua personalidade singular, e, finalmente, apresentados com garantia de terem superado as expectativas de provadores tão exigentes como experimentados. De 1952, ano em que Fernando Nicolau de Almeida, responsável pela enologia na Casa Ferreirinha, criou o Barca–Velha, até agora, só em 20 colheitas foi dada essa designação a vinhos icónicos que prestigiam os seus autores, a empresa, a região e o País.
O Barca-Velha 2011 – 20ª colheita, em mais de meio século! – associa ao prestígio da marca outra referência importante: o ano, que foi memorável para os vinhos portugueses, mormente do Douro. Para o qualificar, acho que basta uma frase solta pelo seu criador, Luís Sottomayor, quando apresentou o vinho à Imprensa (com a sua maneira de estar discreta e delicada de quem só quer atenções para o vinho): “O Douro está aqui, nesta garrafa!”. Antes, já tinha referido que ele e a sua equipa nunca tiveram dúvidas de que o vinho iria ser Barca-Velha, por ter grande “qualidade e caráter desde que nasceu”, mas foi preciso “ter paciência” e esperar que começasse a estar “capaz de vir à mesa e acompanhar a refeição”.
Se está capaz! No primeiro momento, provoca-nos com uma exuberância, no nariz e na boca, mais próxima da juventude do que da idade que ele realmente tem: vai em nove anos. Mas logo se contém, equilibra, afina e surge com a sua verdadeira identidade, misto de poder e de elegância. Precisa de copo, de uma breve espera para se recompor do aperto da garrafa, de chamar ao seu lugar os elementos de uma estrutura viva e complexa. Depois, deslumbra. Fernando Nicolau de Almeida procurava um grande vinho baseado no “equilíbrio de maturação/acidez natural nas uvas de vinho do Porto e no controlo da fermentação, particularmente da temperatura (recorreu ao gelo), de forma a garantir a qualidade sonhada”, e cumpriu o seu ideal. Até hoje, pasme-se!, só três enólogos têm o nome associado ao Barca-Velha: além de Fernando Nicolau de Almeida, José Maria Soares Franco e Luís Sottomayor, que trabalharam com ele e com ele aprenderam a amar o Douro. Daí “a consistência e a constância de estilo ímpares” do Barca-Velha, que não obsta a que tenha cada vinho uma personalidade própria. Luís Sottomayor, atual diretor de enologia da Sogrape para os vinhos do Douro e Porto, resume esta ideia numa frase tão curta como exata: “Barca-Velha é um clássico, mas ao mesmo tempo surpreendente e inovador, à imagem do seu criador.”
Casa Ferreirinha Barca-Velha DOC Douro Tinto 2011
Elaborado com as melhores uvas da Quinta da Leda, das castas Touriga-Franca (45%), Touriga-Nacional (35%), Tinto-Cão (10%) e Tinta-Roriz (10%), matura durante 18 meses em barricas de carvalho–francês e o lote final resulta de uma seleção meticulosa dos melhores vinhos. Tem cor rubi profunda, aroma muito complexo e rico a frutos vermelhos, especiarias, notas balsâmicas e madeira muito bem integrada, paladar volumoso e pleno de harmonia, com acidez viva, taninos firmes, fruta, especiarias, sabores balsâmicos, que redundam num final tão longo como exaltante. €400*
*A Sogrape não define preço recomendado, ou indicativo, e nunca vinculativo de venda ao público para o Barca-Velha. Deixa que seja o mercado a estabelecer preços livremente. Ora, a evolução dos preços do Barca-Velha anterior – o 2008, lançado em 2016 – leva a crer que o atual 2011 vá para além dos 400 euros.