Em meados de fevereiro/março, hão de chegar à D’Olival os azeites novos, com algumas referências a constar na lista de reservas. “Trabalhamos com as colheitas do ano, porque o azeite vai perdendo qualidade, ao contrário do que a maioria dos consumidores pensa”, explica Lino Rebolo, o proprietário. A ideia de abrir uma loja para promover o azeite nacional, conta, partiu da mulher. “Queríamos ter um negócio próprio, e a Helena lembrou-se de que podíamos fazer uma coisa à volta do azeite. Já existe tanto sítio a promover o vinho português, porque não fazer o mesmo com o azeite?” Com o projeto desenhado, foi só pôr mãos à obra e a D’Olival – Azeites & Cia abria em agosto de 2017, na Rua Poiais de São Bento, em Lisboa.
Nas prateleiras, estão garrafas e latas de azeite de pequenos produtores de várias regiões do País. São quase duas dezenas de referências, de Trás-os-Montes, Beiras, Alentejo e Algarve. Aqui encontram-se, por exemplo, os premiados monovarietais Monterosa, produzidos em Moncarapacho (Olhão), e o Caixeiro Origins, de Santa Maria de Émeres, em Valpaços, feito com as variedades tradicionais Cobrançosa, Madural e Verdeal Transmontana (produto que é exportado de barco à vela até à Holanda, de forma a diminuir a pegada ecológica). Para se sair dali com o azeite certo, a primeira coisa que se faz na D’Olival é a prova. “É assim que identificamos o gosto do cliente, a partir daí começamos o processo de seleção”, explica Lino Rebolo.
A história de Ricardo Faria, proprietário da Loa – The Olive World, não é muito diferente. Foi também o gosto pelo azeite e a vontade de seguir outros caminhos a nível profissional (Ricardo é engenheiro civil) que o levaram até à Calçada do Galvão, em Belém. “Começámos com uma loja online, em 2016, mas rapidamente sentimos necessidade de contactar com o público. Existe um grande desconhecimento sobre o tema”, afirma Ricardo. O curso de provas de azeite, no Instituto Superior de Agronomia, ajudou a aprofundar conhecimentos, e a Loa passou também a apostar na componente educativa: sob marcação, realizam-se workshops de provas. É, aliás, com a sugestão de uma prova que se inicia a conversa com o cliente. Ricardo Faria foi dos primeiros a investir num negócio exclusivamente dedicado a este produto. Hoje, a loja tem cerca de 35 referências distintas de azeite – virgem extra, DOP, biológico, dos mais suaves aos mais intensos –, e algumas só se encontram aqui à venda. É o caso do Cabeça das Nogueiras, da região de Abrantes, e dos monovarietais da Rosmaninho Gourmet (Verdeal, Cobrançosa e Madural). A seleção leva em conta o facto de serem produzidos com variedades portuguesas em olival tradicional. “Porque é quem trata com carinho as suas oliveiras.”
Do produtor para o consumidor
Na nova O’live, na Baixa lisboeta, é com o pão da Padaria da Esquina, do chefe Vítor Sobral, que se provam os azeites da Oliveira da Serra. Para o produtor, a abertura da loja marca o início de uma nova área de negócio e um contacto mais próximo com o consumidor. “Temos à prova 13 azeites da Oliveira da Serra, entre os quais O Melhor Azeite do Mundo, o 1ª Colheita e o O’live (uma edição especial limitada, para assinalar a inauguração da loja própria), e também vinagres. O Alentejo é representado por nós, mas achámos que fazia sentido dar a conhecer azeites de outras regiões, através de outros produtores. Afinal, o nosso objetivo é promover e valorizar a excelência do azeite português”, explica a gerente Lúcia Henriques.
A verdade é que, mal se entra na O’live, respira-se azeite. A decoração inclui bancos, tábuas de servir e estruturas de madeira de oliveira. Em destaque, na enorme mesa corrida, estão os dois grupos de azeite, e é por ali, com um pedaço de pão fresco na mão, que tudo começa. “Sempre da direita para esquerda, porque”, explica Lúcia, “deve provar-se do mais suave para o mais intenso”.
Foi também para fazer chegar mais facilmente ao consumidor o seu azeite e outros produtos que José Venâncio, proprietário da Herdade dos Coteis, em Moura, decidiu abrir, em 2013, uma loja própria. No número 49A da Rua Óscar Monteiro Torres, artéria que liga o Campo Pequeno à Avenida de Roma, vende-se toda a gama destes azeites alentejanos. E é uma boa dica, porque nesta que é a casa da Herdade dos Coteis em Lisboa pode encontrar um monovarietal de azeitona galega, típica do Alentejo – e do olival tradicional.
Herdade dos Coteis > R. Óscar Monteiro Torres, 49A, Lisboa > T. 96 202 5201 > seg-sex 10h-14h, 15h-19h; sáb 10h-13h > O’live by Oliveira da Serra > R. da Prata, 237, Lisboa > T. 91 027 2149 > seg-dom 10h-19h > Loa – The Olive World > Cç. do Galvão, 45A, Lisboa > T. 21 130 9832/96 634 5959 > seg-sex 10h-13h, 14h-19h, sáb 10h-13h, 14h-17h > D’Olival – Azeite & Cia > R. Poiais de S. Bento, 81, Lisboa > seg-ter, qui 11h-18h30; qua, sex-sáb 11h-19h30