
No Coyo Taco, em Lisboa, comemos o mesmo que se come em Coyoacán (significa terra de coiotes), bairro mais boémio da Cidade do México
José Carlos Carvalho
Por mais que se questionasse a data oficial da inauguração do novo restaurante italiano do conhecido chefe britânico Jamie Oliver o certo é que esta se manteve secreta. Até que, no dia 26 de janeiro, o Jamie’s Italian abriu, discretamente e sem qualquer aviso, as suas portas.
Em abril, José Avillez mostrava aos lisboetas a sua nova Cantina Zé Avillez, instalada num bonito prédio revestido a azulejo no renovado Campo das Cebolas. À mesa, desfilam os clássicos da cozinha portuguesa confecionados com um toque de modernidade.
Nesta mesma zona, a dois passos, o chefe João Sá inaugurava mais tarde o SÁla, com uma ementa que vive ao ritmo das estações do ano e assente nos produtos de qualidade do mar e da terra.
Em maio, as atenções viraram-se para o Chiado e para o novo restaurante lisboeta Epur, do regressado chefe Vincent Farges que, segundo Manuel Gonçalves da Silva, crítico gastronómico da VISÃO Se7e, “correspondeu às expectativas, que eram muito altas, tanto no que respeita ao lugar, às instalações e ao ambiente como em relação à gastronomia”.
Longe dos lugares da moda, no coração do bairro de Alvalade, o Soão é um restaurante para quem nunca viajou para a Ásia e que serve de aperitivo para se pôr a caminho. Já para os que conhecem este parte do mundo, é um reavivar de boas recordações.
Em junho, Rodrigo Castelo, da Taberna Ó Balcão, em Santarém, começava a servir os mariscos de mar e de rio ao natural ou em receitas de arroz e açordas no novíssimo Mariscador, na Praça de Toiros do Campo Pequeno.
Já no final de setembro, conheceu-se o resultado do convite de José Avillez ao chefe Joe Barza, consultor e presença habitual em programas de televisão para liderar o Za’atar, o novo restaurante especializado em comida libanesa.

O Za’atar, de comida libanesa, abriu na Rua de São Paulo, na zona do Cais do Sodré
Grupo José Avillez
Deixando agora o Cais do Sodré, há que palmilhar até à zona da Graça para conhecer o Ceia, do chefe Pedro Pena Bastos, no hotel Santa Clara 1728, onde um único menu de degustação composto por 15 momentos é servido numa mesa corrida para 14 pessoas.
Para experimentar os pãezinhos de queijo que chegam à mesa quentinhos e o picadinho carioca com farofa e arroz branco vale a pena sentar no Boteco da Dri, que pretende homenagear os botecos cariocas.
Ainda nas cozinhas internacionais, destacam-se duas novidades do Médio Oriente: o Sumaya, a representar a cozinha tradicional libanesa, aquela que se come nas ruas de Beirute; e o Ararate, o novo restaurante arménio, vizinho da Gulbenkian, onde há lavash (o pão típico feito de farinha de trigo, sem levedura, muito fino), khachapuri (um pastel tradicional) e putuk (uma sopa de grão de bico, com borrego, bulgur e legumes).
Na próxima morada, chegamos com uma premissa: se Barack Obama comeu no Coyo Taco de Miami e gostou, nós também queremos provar “os melhores tacos que há por aí”, segundo o antigo Presidente norte-americano. E a verdade é que não nos desiludimos no Coyo Taco, no Príncipe Real. Bem pelo contrário.
Já o Mano a Mano leva-nos a viajar pela cozinha de Itália, num itinerário com várias paragens e paladares: burrata com geleia de pimentos, pizzas napolitanas e romanas, e panacotta com caramelo salgado.
O final do ano trouxe mais duas aberturas há muito desejadas. Em novembro José Júlio Vintém chegava ao Cais do Sodré e com ele trouxe a (boa!) cozinha alentejana: molejas de borrego, focinho de porco grelhado, rabo de boi com puré de cherovia e musse de chocolate com bacon são algumas iguarias que nos vão fazer voltar a sentar no novíssimo Picamiolos, no Cais do Sodré.
No outro lado da cidade, no Parque das Nações, abria no topo da Torre Vasco da Gama, a 120 metros de altura, o Fifty Seconds, com a assinatura do chefe Martín Berasategui, com dez Estrelas Michelin em Espanha. Este é um restaurante onde é preciso ir com tempo para digerir a refeição e assimilar todo o requinte, sofisticação, inovação, originalidade e sabor em catadupa, que passará pela mesa.

Ostra com sumo de azeitonas verdes, gelatina de água de tomate, emulsão de wasabi e crocante de algas no Fifty Seconds, de Martín Berasategui
Luis Barra