É preciso coragem para sair do Príncipe Real, uma das zonas mais badaladas de Lisboa, e mudar a casa, já com oito anos, para o concelho vizinho de Oeiras. Mas o grupo Sea Me – Peixaria Moderna teve esse atrevimento e nós aplaudimos, pois há mais mundo além das zonas nobres e turísticas da capital, onde é impossível estacionar o carro, por exemplo, e as filas de espera tornam-se intermináveis. O “prego feito com carne criado numa peixaria ‘feita’ com peixe” tem agora nova vizinhança, na mesma praceta movimentada onde o japonês Amaterasu e a pizzaria Sublime já ganharam fama e clientela.
A montra frigorífica logo à entrada, digna de página de revista, deixa a dúvida sobre o que comer: o clássico hambúrguer de salmão e choco, que de tão saboroso nos deixa a salivar, ou a picanha Black Angus com o corte certo? Já decidiremos.
Para abrir o apetite, um tabuleiro com salgados (croquetes, rissóis de camarão e chamuças) faz a ronda pelas mesas. Não me lembro de os outros restaurantes do Prego da Peixaria (Mercado da Ribeira, Saldanha e Alvalade) terem esta prática como acontece nas mais clássicas cervejarias do País, mas agradou-me bastante a ideia e o sabor.
Apesar de o calor andar desaparecido, as novidades incluem algumas apostas mais leves e saudáveis, talvez pensadas para um verão que teima em estar frio e ventoso. Agora o peixe, sempre com dois acompanhamentos, varia entre lombo de salmão (€11,50), atum (€16) e dourada (€11,50) grelhados ou tártaro de salmão fresco com o sal e a pimenta na dose certa e o ovo de codorniz para envolver (€10,50), o nosso eleito para comer com batata doce frita, em palitos grossos, e legumes salteados. Nas saladas (€8,50 a €9,50), provámos e aprovámos a de rosbife com salada fria de batata, cebolinho e rúcula, mas há outras para picar com chips estaladiças: atum braseado, frango e mozzarella ou frango alface, croutons do caco e parmesão.
Na hora de decidir, entre o hambúrguer de salmão e choco no bolo do caco de tinta de choco (€9) e a picanha (€11,50), o nosso estômago pendeu para para a proteína vermelha. Na tábua, o mini cutelo ajuda a cortar uma carne já de si muito tenra.
Quando nos sentámos não percebemos de imediato que tínhamos ficado do lado do peixe, em que as espinhas de ferro estão penduradas na parede e os tampos da mesa são de pedra. São 190 metros quadrados de irreverência, numa decoração com projeto gráfico assinada por Miguel Brum, graffiter e tatuador. E se do lado marítimo predominam o branco e o azul, no lado da carne, os tons quentes estão nas peças de carne vermelha desenhadas na parede ou na madeira escura das mesas. Por enquanto, são 70 lugares na sala, mas em breve (lá mais para agosto) irão acrescentar 56 lugares numa esplanada ampla e muito simpática. Uma lufada de ar fresco.
O Prego da Peixaria > Praceta Prof. Alfredo de Sousa, 5 A, Algés > T. 21 765 1591/2 > seg-sex 12h-15h30, 19h-24h, sáb-dom 12h-24h