Faça chuva ou faça sol, vai saber bem estar nesta esplanada, em pleno Príncipe Real, rodeados de plantas viçosas e protegidos por uma cobertura modernaça, que se fecha automaticamente assim que caem os primeiros pingos. É que a maioria dos 50 lugares do novo restaurante do chefe de cozinha Diogo Noronha fica neste ar livre controlado, chamemos-lhe assim.
Mas já lá chegamos, que antes ainda temos de parar no bar. Aqui está Fernão Gonçalves que, com apenas 27 anos, arrisca o título de um dos barman mais criativos de Lisboa. Os seus dez cocktails de autor (mais dois sem álcool) têm pimentos, avelãs, amendoins, cenoura ou ervilhas e querem valer por si só – dá para ir ao Pesca e não sair deste balcão que alberga perto de 20 pessoas. Ao mesmo tempo, aproveita-se para experimentar as ostras ao natural ou acompanhadas por uma das três propostas de guarnição.
Caso se saia do bar, e se apreciem os azulejos Viúva Lamego ou as madeiras antigas recuperadas, já não se conseguirá fugir às propostas inovadoras de Diogo Noronha, à base de peixe, como o nome deixa adivinhar. Quem for habitué da sua cozinha, reconhecerá algumas combinações como a geleia de sementes de mostarda ou o tupinambor com laranja. A ementa é curta, mas basta-se a si própria com sete entradas (tártaro de lula, vieiras braseadas, ostra panada) e outros tantos pratos principais, como atum rabilho (€19), lombo de bacalhau e sapateira (€25), pargo legítimo braseado (€39) ou peixe espada negro e nori (€25). As sobremesas são só quatro (mais uma seleção de queijos), com pouco açúcar, mas muito sabor. “Puxamos pelo lado doce do produto, de forma natural”, assegura o chefe que nesta fase da refeição é assessorado pelo pasteleiro Claiton Ferreira. Estamos a falar de coisas como marmelada de maçã (€9) ou arroz do Sado doce (€9). Claiton é também o responsável pela receita do pão de mistura que servem no Pesca, resultado de uma fermentação de 48 horas.
Resta avisar, coisa que não será novidade para quem conhece Diogo Noronha, que a questão da sustentabilidade não foi deixada pelo caminho. O peixe é (quase) todo português, os produtores são pequenos, alguns biológicos, e desperdício é palavra proibida na cozinha. No Pesca, até as cascas se aproveitam, nem que seja para decorar as bebidas de Fernão Gonçalves, à entrada do restaurante.
Pesca > R. da Escola Politécnica, 27, Lisboa > T. 21 346 0633 > ter-dom 12h-15h, 19h-24h