Nunca ouviu dizer que o mundo está todo interligado, e que temos sempre um amigo que é amigo de um amigo de outro amigo? A teoria dos seis graus de separação aborda isso mesmo: é a ideia de que qualquer pessoa no mundo pode estar ligada a uma outra através de uma cadeia de conhecidos com, no máximo, seis ligações intermediárias. De forma mais simples, de acordo com esta teoria, qualquer indivíduo está apenas a seis pessoas de distância de um outro indivíduo.
A teoria existe desde a década de 1920 – foi enunciada na obra Chains, do húngaro Frigyes Karinthy -, mas foi formalizada na década de 60 pelo psicólogo Stanley Milgram, que liderou uma experiência denominada “experiência dos seis graus de separação” ou “pequeno mundo” ( The Small World Problem, originalmente).
Nesta investigação, o especialista pediu a 296 voluntários dos EUA para escreverem e enviarem postais a uma pessoa específica em Massachusetts, apenas através de conhecidos. O resultado mostrou que, em média, eram necessárias apenas cerca de seis ligações para que a carta chegasse ao destinatário pretendido.
Mais tarde, esta teoria foi revista por investigadores, num estudo realizado pela rede social Facebook. Através de algoritmos preparados por uma equipa da Universidade de Milão e baseando-se nas interligações entre mais de 700 milhões de utilizadores do Facebook, foi concluído, depois de uma experiência de um mês, que os seis graus desceram para 4,74.
“Estamos todos perto, de certa forma, de pessoas que não gostam de nós, que não simpatizam connosco e que não têm nada em comum connosco”, disse, em 2011, em entrevista ao The New York Times, Jon Kleinberg, professor de ciências da computação na Universidade de Cornell, acrescentando que “são os laços fracos que tornam o mundo pequeno.”
Inspirado nesta teoria, que pretende demonstrar que o mundo é ainda mais interligado do que pensamos e que, mesmo com grandes distâncias sociais ou geográficas, há sempre um pequeno número de conexões que nos pode ligar a qualquer outra pessoa, existe, desde os anos 90, o icónico jogo Six Degrees of Kevin Bacon, que tem como objetivo conectar qualquer ator de Hollywood a Kevin Bacon em seis passos ou menos, através de filmes em que atuaram juntos.
O jogo surgiu como uma brincadeira entre estudantes de cinema na Universidade Albright, na Pensilvânia, EUA, depois de terem observado que Kevin Bacon tinha aparecido numa grande quantidade de filmes com vários colegas, e ficou conhecido após o lançamento de um artigo na revista francesa Premiere, em 1994, que mencionou a capacidade de conectar qualquer ator ao ator norte-americano Kevin Bacon em seis passos ou menos.
O jogo ganhou tanta popularidade que foi criado, inclusive, um site oficial, o The Oracle of Bacon, onde os jogadores podem inserir o nome de qualquer ator para descobrirem qual é a sua ligação a Kevin Bacon, em seis graus ou menos.
O próprio Kevin Bacon “abraçou” este conceito, criando inclusive a organização sem fins lucrativos SixDegrees.org.