O arroz de pato do Loureiro tem o arroz a esconder a carne desfiada, fazendo com ela um duo guloso
Lucília Monteiro
Regressamos à pequena casa da Rua Monte dos Burgos, no cruzamento com a Circunvalação, onde Maria da Conceição e Francisco Loureiro continuam a mimar os clientes com a sua simpatia e os bons sabores da cozinha tradicional e regional. É assim há quase 40 anos. Discreta por fora e acolhedora no interior, a casa tem duas salas pequenas com paredes de pedra, tons bordeaux e mostarda, atoalhados brancos, num misto de rusticidade e singeleza que induz o bem-estar.
A cozinha também é simples, à boa maneira portuguesa, mas rica em cheiros e sabores. Para começar a refeição podemos optar entre a sopa de peixe, que é excelente, e alguns petiscos tradicionais como as ovas de bacalhau em escabeche, os queijinhos marinados em ervas aromáticas, o presunto de porco bísaro ou o salpicão. Nos pratos principais há todos os dias quatro ou cinco sugestões merecedoras de escolha, como os filetes de pescada com açorda de bacalhau, sendo tão apetecíveis os filetes como a açorda; o bacalhau com crosta de broa e azeitonas, que é uma evolução do bacalhau à bela caseira (era lascado e gratinado); o polvo de coentrada, que vai à brasa, leva o molho de coentros e fica macio e rescendente; o caril de gambas, suave, cremoso, com bom marisco; o arroz de pato, com o arroz a esconder a carne desfiada, mas fazendo com ela um duo guloso; a vitela com espumante e hortelã, que é um estufado exemplar; a posta de vitela na brasa com batatas a murro e legumes, de carne tenra e suculenta.
Outros pratos têm dia fixo e colhem a preferência de muitos clientes destacando-se, entre eles, as tripas à moda do Porto, à quinta-feira e ao domingo, porventura o prato mais emblemático; o cabrito com especiarias, ao sábado, cozinhado no tacho, em fogo lento, com a carne a desfazer-se na boca e o tempero a excitar o paladar; os filetes de polvo com arroz de polvo, à sexta, que estão ao nível do melhor que se faz no Porto, onde este prato tem pergaminhos. Doçaria caseira e gulosa, como o manjar real, à base de ovos, amêndoa e canela, a musse de limão e framboesa, a sericaia com ameixa de Elvas e a pavlova de frutos tropicais, que é novidade. Garrafeira pequena, mas variada e com algumas curiosidades (cerca de 40 referências nos tintos e 30 nos brancos), tendo quanto ou cinco vinhos a copo, brancos e tintos, além de espumante, no verão. Serviço eficiente e simpático.
No Loureiro, existem duas salas pequenas com paredes de pedra, tons bordeaux e mostarda, atoalhados brancos, num misto de rusticidade e singeleza que induz o bem-estar
Lucília Monteiro
Loureiro > R. Monte dos Burgos, 1112, Porto > Tel: 22 831 2519 > ter-sáb 12h-15h, 19h30-22h, sáb 12h-15h > €20 (preço médio)
