Há ideias preconcebidas e falhas de sentido sobre os vinhos brancos que se traduzem em expressões depreciativas como, por exemplo, “vinho é tinto”, “vinho branco é refresco” e “branco com peixe e tinto com carne”. Tais ditos já não perturbam os enófilos, mas ainda confundem alguns consumidores menos esclarecidos. Lembrei-me de abordar o tema dos brancos, retomando uma tipologia que o professor Virgílio Loureiro um dia apresentou de forma muito simples, mas didática, a propósito da ligação do vinho com a comida.
Os vinhos brancos jovens, feitos de uvas brancas ou tintas sem a película, através da fermentação exclusiva da polpa, devem conservar todos os aromas primários, manter a acidez, a leveza e os aromas florais e frutados, ser consumidos à temperatura de 7 a 10º C, e acompanhar aperitivos, sopas frias ou de peixe, peixe magro grelhado e outros pratos leves.
Os vinhos brancos secos apresentam mais estrutura e bom equilíbrio entre acidez e álcool, podendo evoluir durante mais tempo, e devem beber-se durante os dois primeiros anos, excetuando alguns casos em que envelhecem bem, à temperatura de 8 a 12º C, e acompanhar mariscos, massas e peixes cozinhados.
Os vinhos brancos com madeira, fermentados e/ou estagiados em barricas de carvalho, têm a cor mais carregada, os aromas da evolução conjugados com os de baunilha e especiarias da madeira, e na boca são mais complexos e intensos, com mais corpo, maior estrutura e volume. Alguns envelhecem de tal forma que se tornam vinhos fabulosos. Devem ser bebidos à temperatura de 10 a 14º C, e acompanhar moluscos e crustáceos com molhos elaborados, peixes no forno e aves.
Há brancos de vários tipos e múltiplos estilos. E há, entre eles, grandes vinhos.
Quinta do Monte d’Oiro Lybra Branco 2015 Feito de uvas das castas Viognier, Arinto e Marsanne, estagiou durante cinco meses em cubas de inox. Tem um aroma fino com agradáveis notas frutadas; um paladar fresco, delicado, com boa acidez que lhe dá frescura e com fruta bem integrada; e um final muito agradável, marcado pela leveza. €8,50
Passagem Reserva branco 2015 É uma boa novidade este vinho da Quinta das Bandeiras, no Douro Superior, com aroma floral e frutado pouco exuberante mas com grande elegância; paladar rico, envolvente, com acidez expressiva, boa estrutura e mineralidade; final fresco, vivo, cativante. Promete evoluir bem na garrafa e dar alegrias nos próximos anos. €10,20
Teixuga Branco Dão 2013 Feito de uvas de vinhas velhas da quinta que lhe dá o nome, com predomínio da casta Encruzado, fermentou, primeiro em cubas inox, depois em barricas de carvalho francês, onde estagiou durante mais 19 meses, seguindo-se um ano em garrafa. Tem aroma intenso, paladar volumoso, acidez viva bem integrada, e final elegante e longo. Grande capacidade de envelhecimento. Deve ser servido a uma temperatura entre os 10 a 12ºC. €30