O nome e a divulgação de que gozou, na sequência do último concurso Lisboa à Prova, em que foi distinguido com um garfo, suscitaram o interesse em conhecer este restaurante, na expectativa de encontrar uma casa com historial ligado à família “Candinho” e com boa cozinha tradicional portuguesa. História não há, porque só abriu há um ano e meio, por iniciativa de Cândido Simões, profissional de seguros sem qualquer ligação ao sector da restauração, a não ser o gosto pela gastronomia. Mas há boa comida com os sabores tradicionais da cozinha portuguesa. Fica no limite de Lisboa, junto de Algés. Tem uma sala com balcão no piso térreo, outra em cima com acesso por uma escada em espiral (caracol), chão de mosaico (em baixo) a imitar calçada portuguesa, lambris à imagem dos antigos azulejos, toalhas de quadradinhos azuis e brancos, pequena esplanada, ambiente descontraído.
A ementa, que é extensa, muda em função do mercado, tendo um só prato fixo: cozido à moda do Minho, à quinta-feira. É tão apetecível que só com marcação prévia se consegue, por mérito dos produtos e das mãos do cozinheiro. Nos petiscos, que são tão simples como saborosos, deixe-se cada qual levar pelo gosto: camarão “à guilho”, carapaus à Tio Candinho (escabeche com um toque do chefe), choco frito, ovos com farinheira, polvo à galega, peixinhos da horta, pimentos de Padròn e outros. Entre os pratos principais destacam-se as duas ou três sugestões do dia em que podem aparecer pataniscas de bacalhau com arroz de feijão, não as de leveza quase imaterial e aspeto translúcido em voga nos restaurantes que se pretendem modernos, mas com peso e substância e sabor que enchem a boca; misto de peixe frito (linguadinhos, petingas, carapaus ou outros, à boa maneira alfacinha dos bons velhos tempos) ou filetes de pescada fresca com arroz de lingueirão, sendo este, só por si, digno de figurar como prato completo; arroz de polvo com filetes de polvo; feijoada do mar, com camarão, choco, lulas e polvo; caldeirada de borrego; feijoada à transmontana; dobrada, etc. Em regra, ou são pratos do dia ou estão na carta. Doçaria diversificada, nem toda tradicional, como o cheesecake de menta ou a tarte de maçã com cobertura de creme. Garrafeira escassa, sem meias garrafas, nem vinho a copo, o que dificulta a escolha a quem vai só ou com abstémios. Serviço simpático.
A Tasca do Tio Candinho > R. D. Jerónimo Osório, 10 C, Lisboa > T. 21 301 0170 > seg-sáb 12h30-15h, 19h-2h > €15 (preço médio)