Em causa estão uma série de mutações identificadas na proteína que o SARS-CoV-2 utiliza para infetar as células humanas. A dúvida, insistem os especialistas britânicos, é compreender se torna o novo coronavírus mais infeccioso.
“Estão em curso esforços para confirmar se alguma destas mutações identificadas está ou não a contribuir para o aumento da transmissão”, disseram os cientistas do COVID-19 Genomics UK (COG-UK) Consortium, citados pela Reuters, a propósito da variante agora identificada e denominada “VUI – 202012/01”, que inclui uma mutação genética na proteína conhecida como “spike”.
A questão está a chamar a atenção dos responsáveis britânicos depois de, no início da semana, o governo britânico ter confirmado um aumento de novas infeções. “Identificámos até agora mais de mil casos desta nova variante, sobretudo no sul de Inglaterra, embora haja já contágios identificados em quase 60 áreas distintas”, precisou Matt Hancock, o ministro britânico da saúde, adiantando logo que “ainda nada sugere” que esta estirpe possa pôr em causa a eficácia das vacinas já desenvolvidas e em distribuição.
As mutações, ou alterações genéticas, surgem naturalmente em todos os vírus, incluindo o SARS-CoV-2, à medida que se replicam e circulam na população. No caso do novo coronavírus, são alterações que se têm verificado uma a duas vezes por mês, acrescentam os especialistas em genética do COG-UK. Ou seja, como resultado deste processo em curso, “muitas milhares de mutações já surgiram desde que o coronavírus surgiu em 2019”, sublinharam.
Até agora, a maioria das mutações não teve qualquer efeito aparente sobre o vírus – e considera-se que apenas uma minoria é efetivamente suscetível de alterar o agente patogénico de forma significativa, tornando-o mais capaz de infetar pessoas. “O que estamos a dizer é que não seria inesperado que tal acontecesse”, fez, entretanto, questão de sublinhar a epidemiologista Susan Hopkins, consultora do governo britânico para as questões de saúde pública.