Um estudo da Universidade de Chicago sugere que os efeitos positivos de falar com estranhos estão a ser subestimados. Os seres humanos são inerentemente animais sociais, ou seja, mais felizes e saudáveis quando se sentem ligados aos outros e mesmo uma conversa rápida com a pessoa sentada ao seu lado no autocarro, ajuda a promover sensações de felicidade e bem-estar.
Num inquérito realizado em transportes públicos da cidade de Chicago, a maioria das pessoas respondeu que seria mais agradável fazer o trajeto enquanto conversavam com alguém apesar de considerarem que apenas 40% dos restantes passageiros estariam dispostos a conversar. No entanto, quando a equipa de investigadores decidiu fazer a experiência, e escolheu aleatoriamente algumas pessoas para tentarem “meter conversa”, em todos os casos, as pessoas demonstraram bastante satisfação por poderem conversar.
As conclusões do estudo revelam que o medo de que os outros não gostem de nós ou de que não estejam interessados em conversar, impede as pessoas de comunicar e estabelecer contacto com os outros. Para além disso, provou ainda que subestimamos consistentemente a opinião que os outros têm de nós depois da primeira conversa.
Em todos os casos, os participantes desta experiência social sentiram-se mais felizes enquanto conversavam com os outros, independentemente do quão extrovertidos eles se consideravam. No entanto, embora a personalidade possa não ter grande efeito na experiência de se ligar a outras pessoas, pode afetar as expectativas de cada um, mais até do que as suas experiências passadas. Os introvertidos tendem a subestimar as consequências positivas da interação com os outros, acabando por procurar menos vezes estabelecer uma conversa – por acharem que conversar com um estranho pode ser desagradável, nunca tentam e nunca descobrem que as suas expectativas estavam erradas.
Por outro lado, também aqueles que fazem, por exemplo, elogios regularmente, ou pequenas ações de generosidade, tendem a acreditar que farão os destinatários menos felizes do que na realmente.
Nicholas Epley e Juliana Schroeder, autores do estudo, afirmaram num artigo no jornal The Guardian que a sua “pesquisa sugere que muitas vezes podemos subestimar o impacto positivo de nos conectarmos com os outros, tanto para o nosso próprio bem-estar quanto para o dos outros”.
Estas conclusões explicam-se pelo facto dos humanos serem animais sociais, beneficiando, por isso, do sentimento de se ligarem aos outros, mesmo que apenas por breves momentos. Sentirem-se isolados ou solitários, pelo contrário, promove o stress e representa um risco para saúde comparável ao tabagismo e à obesidade. Ter relações sociais positivas é apresentado como um ingrediente-chave para a felicidade, mais significativo do que, por exemplo, o salário.
“Da próxima vez que quiser ajudar um estranho com alguma coisa, ou iniciar uma conversa, mas estiver preocupado sobre como eles podem reagir, simplesmente tente”, aconselham os autores.
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