Os riscos de saúde associados à ingestão em excesso de carne processada, como o bacon, têm sido mundialmente discutidos, inclusivamente pelo perigo de cancro relacionado com estas carnes, um alerta dado pela Agência Internacional de Investigação do Cancro em outubro de 2015.
Agora, cientistas da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, EUA, dizem que a carne processada também pode afetar negativamente a saúde mental, sendo associada a um aumento de episódios maníacos em pessoas que já tenham um distúrbio psiquiátrico.
No estudo, publicado na revista científica Molecular Psychiatry, foram analisadas as histórias clínicas de mais de mil pessoas, com e sem qualquer problemas mentais, e percebeu-se que, no primeiro grupo, a probabilidade de se ter comido carne processada recentemente era três vezes maior.
A investigação associa, por isso, o consumo de nitratos , utilizados em larga escala nas carnes processadas, a uma saúde mental mais reduzida. Além disso, os investigadores também fizeram testes com ratos e perceberam que, depois de lhes darem uma dieta com adição de nitratos durante algumas semanas, os animais apresentaram sinais de hiperatividade, uma característica comum em pacientes com mania.
Apesar de os investigadores não terem feito entrevistas aos pacientes analisados relativamente à frequência de ingestão de carnes processadas (quantas vezes por semana, há quanto tempo ingerem este tipo de alimentos), acreditam fortemente que a carne processada possa aumentar o risco de episódios maníacos. Isto porque, na análise, foram tidas em conta vários alimentos e, segundo os pesquisadores, a carne processada destacou-se.
Apesar de ser um estudo ainda muito inicial, e de se saber que a genética e o ambiente têm influência no aparecimento de transtornos bipolares, esta descoberta pode motivar novas investigações que consigam criar mudanças na dieta dos doentes com distúrbios psicológicos e ajudar a diminuir os seus episódios maníacos.