Pessoas que são obesas têm maior risco de desenvolver depressão. A depressão pode levar à obesidade, uma vez que faz com que não nos sintamos motivados para fazer exercício e ter uma alimentação saudável e equilibrada. Estes distúrbios são dois problemas de saúde que já têm vindo a ser relacionados há algum tempo, mas os estudos sobre o tema nunca tiveram uma amostra significativa ou informação suficiente.
Agora, um novo estudo descobriu outra possível ligação entre o aumento de peso e a depressão: os antidepressivos.
Uma equipa liderada por Rafael Gafoor, no Reino Unido, analisou o peso, as medidas e o Índice de Massa Corporal (IMC) de perto de 295 mil adultos entre 2004 e 2014. Estas medições foram feitas por um médico, no mínimo, três vezes.
A amostra foi depois dividida de acordo com o seu IMC e tendo em conta se tomavam ou não antidepressivos. Durante esses 10 anos foram também considerados outros factores que influenciam o aumento de peso, como a idade, se tinham outras doenças, se fumavam ou se bebiam.
Os resultados mostraram que os doentes a quem eram prescritos os medicamentos para a depressão tinham mais 21% de hipóteses de aumentar o seu peso em cerca de 5% nos 10 anos seguintes, sendo que os anos mais preocupantes seriam o segundo e terceiro ano de tratamento.
Os antidepressivos também mostraram ter um impacto variável consoante os pacientes.
No entanto, apesar de a amostra ser grande, a investigação tem algumas condicionantes. Como foi um estudo apenas por observação, não se pode dizer que os antidepressivos causam mesmo aumento de peso. Durante os 10 anos, houve quem fosse ao médico mais vezes, o que fez com que obtivesse um IMC mais consistente. Também é possível que os sintomas depressivos tenham aumentado o apetite e diminuído a motivação para fazer exercíci e, por último, nada garante que os doentes tenham sempre tomado a medicação corretamente.
Assim, a conclusão dos investigadores é que os antidepressivos “podem estar a contribuir, a longo prazo, para um aumento do peso da população”, pelo que as pessoas que os tomam têm de ter noção dos riscos antes de começar a medicação. Mas “nenhum paciente deve parar de tomar e, se tiver alguma preocupação, deve falar com seu médico ou farmacêutico”, alerta Gafoor.