Os macrófagos, uma espécie de “pac-man” de serviço, são células imunitárias que têm como particularidade a capacidade de ingerirem partículas estranhas ao organismo ou outras células doentes. O que os investigadores franceses descobriram agora foi o seu papel de destaque nas tatuagens.
O estudo, realizado com ratos e publicado esta semana no Journal of Experimental Medicine, concluiu que à medida que uma tatuagem é feita, os macrófagos começam a ingerir a tinta invasora. Mas não conseguem digeri-la. Ou seja, a tatuagem continua a estar visível mas através da “barriga” dessas células. Quando estas morrem, os pigmentos são “regurgitados” e apanhados novamente por outros macrófagos, num ciclo interminável, como explica uma das investigadoras que liderou o estudo, Sandrine Henri, do Centro de Imunologia de Marseille-Luminy.
Esta investigação “mostra que as tatuagens são, na verdade, muito mais dinâmicas do que pensávamos”, comenta ao The New York Times Johann Gudjonsson, professor de imunologia e dermatologia da Universidade do Michigan, que não participou no estudo.
Até aqui, acreditava-se que a tinta usada para tatuar marcava de forma permanente os fibroblastos, as células que sintetizam o colagénio. Mas a análise ao microscópio da pele tatuada dos ratos permitiu aos investigadores descobrir macrófagos cheios de glóbulos de tinta. Mesmo assim, nesse ponto do estudo, os cientistas ainda não tinha percebido tudo e pensavam que estas células eram estáveis e que isso era o que dava às tatuagens o seu caráter de permanência. Só depois descobriram que estes macrófagos, pelo menos nos roedores, eram substituídos constantemente. Mesmo quando os cientistas escolhiam alguns específicos para matar, as tatuagens (riscas verdes nas caudas de ratos albinos) mantinham-se iguais – logo novos macrófagos ingeriam os pigmentos libertados.
A descoberta abre caminho para a investigação sobre novas formas de remoção de tatuagens.