É comum algumas mães comentarem que seus filhos continuam a fazer parte delas mesmo após o nascimento. Um estudo desenvolvido por uma equipa da Universidade de Oregon revelou que as células da mãe e da criança estão ligadas até cerca de dois anos após o parto e que isso é visível nos casos em que se identificam sintomas depressivos na mãe.
Estima-se que uma em cada nove mulheres apresentam sintomas de depressão pós-parto, como aterações de humor, fadiga, irritabilidade e melancolia. No entanto, as mulheres não são as únicas sujeitas ao transtorno – os seus bebés também.
Os autores dizem que a depressão pós-parto da mãe pode provocar danos celulares relacionados com stress no ADN do bebé e reforçam que os primeiros contactos entre os dois pode influenciar a saúde ao longo da vida da criança. A equipa descobriu que os telómeros, estruturas formadas no final do nosso ADN que protegem os cromossomas, são afetados pelo stress. Indivíduos que sofrem de stress psicológico podem ter os seus telómeros degradados mais rapidamente e produzem mais cortisol, hormona que influencia o metabolismo, aprendizagem e memória.
Para verificar se os sintomas depressivos da mãe afetam a saúde das células e os níveis de stress do bebé, os cientistas acompanharam o desenvolvimento e a interação de crianças com as suas mães numa atividade realizada em laboratório. Numa primeira etapa, as mães brincavam com seus bebés com seis meses de idade, alternando esse momentos de interação com outros em que os ignoravam, situação stressante para os bebés, uma vez que dependem de seus cuidadores. Numa segunda etapa, os bebés agora com um ano de idade foram submetidos às mesmas atividades. Nas duas visitas, a saliva dos bebés foi analisada para medir os níveis de cortisol.
Os investigadores concluiram que um agravamento dos sintomas depressivos nas mães está relacionado com maiores respostas do cortisol nos bebés entre os 6 e os 12 meses e que estes bebés tinham maior probabilidade de, aos 18 meses, ter telómeros mais curtos devido ao desgaste. Além destes efeitos visíveis a nível celular, foram também identificados sinais nas crianças como menor sociabilidade e tendência para emoções mais negativas.