O estudo foi feito pela Universidade de Zurique e provou que os cérebros masculinos e femininos processam comportamentos egoístas e altruístas de formas diferentes. As mulheres sentem uma maior gratificação em práticas altruístas, ao contrário dos homens, que são mais motivados por comportamentos egoístas.
O cérebro humano possui um sistema de recompensa – o corpo estriado – que liberta dopamina, a substância responsável pela “gratificação” que sentimos ao realizar certas coisas. O sistema é ativado cada vez que se toma uma decisão. O estudo demonstrou que o sistema de recompensa da mulher é mais estimulado através de práticas altruístas, enquanto o do homem reage com mais intensidade a comportamentos egoístas.
Numa primeira instância, foi dado um comprimido a cada membro de um grupo de 56 homens e mulheres. O comprimido poderia conter amissulprida – um bloqueador de dopamina – ou ser apenas placebo, sendo que nem os participantes nem os cientistas sabiam à partida qual era o comprimido a ser avaliado.
Foi depois realizada uma atividade hipotética que envolvia a partilha de um maço de notas com outra pessoa, conhecida ou desconhecida pelo participante. A experiência foi depois repetida sob o efeito do comprimido contrário.
Os resultados demonstraram que, sob o efeito do placebo, 51% das mulheres escolheu partilhar o dinheiro, enquanto que apenas 40% dos homens o fez. No entanto, após tomar a amissulprida, as mulheres revelaram-se menos dispostas a partilhar, enquanto os homens se mostraram mais altruístas. Apenas 45% das mulheres partilhou o dinheiro, enquanto a percentagem de homens a partilhar subiu para os 44%.
O resultado surpreendeu Alexander Soutschek, o principal autor do estudo. “Estes resultados demonstram que os cérebros das mulheres e dos homens processam a generosidade de forma diferente também a nível farmacológico”, diz, o que o leva a recomendar que “as diferenças de género devem ser levadas mais a sério” no futuro da investigação neurológica.
Soutschek acrescentou ainda que, mesmo que as diferenças sejam evidentes a nível biológico, estas podem não ser inerentes, podendo ser derivadas de fatores sociais ou culturais. “Os sistemas de recompensa e aprendizagem nos nossos cérebros funcionam em estreita cooperação. Estudos empíricos mostram que as meninas são recompensadas por terem comportamentos altruistas, o que implica que os seus sistemas de recompensa aprendem a esperar por uma recompensa quando praticam ações altruista, em vez de egoístas. Com isso em mente, as diferenças de género que observámos nos nossos estudos podem ser melhor atribuídas às diferentes expectativas culturais colocadas sobre homens e mulheres“.