Apostar numa economia diferente, que leve em conta os limites do planeta, mas que seja um motor de desenvolvimento, não de estagnação. Foi essa a mensagem central do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, no seu discurso durante a entrega dos Prémios Verdes, este domingo, 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente. Os Prémios Verdes, uma iniciativa da VISÃO e da Águas de Portugal, com o alto patrocínio do Presidente da República, destinaram-se a premiar projetos, instituições e personalidades, em dez categorias.
“A evidência da ciência diz que temos de acelerar a mitigação e a adaptação para evitar uma catástrofe ambiental”, começou por sublinhar o ministro, apelando à descarbonização das cidades, ao investimento em energia e gases renováveis e “à preservação do mundo rural e das nossas florestas”. “Entre 2010 e 2019, os gases com efeito de estufa aumentaram para os níveis mais altos da história da humanidade”, alertou.
Duarte Cordeiro recordou que “o ambiente foi durante muito tempo considerado um travão ao desenvolvimento”. “Os ministros do Ambiente eram conhecidos por ministros do não: ‘Não se pode fazer.’” Mas esses tempos mudaram, assegurou. “Portugal é hoje um país mais preparado e mais exigente e com mais qualidade de vida. O ambiente tem vindo a ganhar espaço na política. O primado deixou de ser o não: o ambiente passou a ser um motor do desenvolvimento, impondo aos setores políticas de sustentabilidade. Hoje, ambiente e sustentabilidade ocupam uma posição frontal do projeto de futuro.” A prova, continuou, é a consagração de “38% da dotação total do Plano de Recuperação e Resiliência [PRR] a objetivos de transição climática”.
Este é um sinal de tempos diferentes, com uma “exigência de reinvenção da economia”. “A exigência de bem-estar, sabemo-lo hoje, nalguns casos tragicamente, obriga-nos a trabalhar dentro dos limites naturais do planeta. Devemos recusar o modelo económico do passado, um modelo predatório, pouco exigente. Não é matéria que mereça grande discussão, apesar de ressuscitarem, aqui e ali, os negacionistas das alterações climáticas, e alguns deles ascendem a lugares de poder, o que nos faz temer pelo nosso futuro coletivo.”
“Esta alteração do paradigma económico tem de ter em conta que não podemos deixar que alguém fique para trás”, realçou ainda o governante. “Tem de ser uma transição justa, que crie emprego e combata a pobreza energética. Temos de envolver mais os municípios para aumentar as taxas de gestão de resíduos. Quanto à seca, temos de ter uma outra abordagem. A agricultura tem de ser mais eficiente no seu uso e reciclar a água sempre que possível. A água é escassa e temos de nos adaptar a esta escassez.”
O ministro avançou que quer “alargar as áreas protegidas a 30% do nosso território” e falou ainda das metas de energias renováveis, nomeadamente da eólica offshore, garantindo que pretende aumentar a ambição. “A preparação do grande leilão de produção de energia eólica a partir de torres colocadas em alto-mar avançará já este ano, para que a licitação possa ocorrer no próximo ano. É um processo complexo e exigente, e também ambicioso. O nosso propósito é fazer um leilão com dimensão inédita, tentando ultrapassar os valores que já adiantámos, de 6 a 8 gigawatts, mas queremos superar as nossas próprias metas.” Duarte Cordeiro frisou que a eólica offshore servirá para dar “resposta à elevada procura de eletricidade verde para muitos projetos, nomeadamente em Sines, de produção de gases renováveis”. “É crucial uma interligação para transportar gás natural e gases renováveis até ao centro da Europa.”
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