A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (AMAS) é uma área de formato oval na qual a força magnética é notavelmente mais fraca. Segundo um novo estudo, esta deformação no campo magnético da Terra, localizada no norte da América do Sul e a sul do Oceano Atlântico, enfraquece as luzes das auroras nesta região. O estudo, publicado em fevereiro na revista Geophysical Research Letters, ultrapassa toda a investigação anteriormente realizada sobre o tema, uma vez que procura entender os efeitos da anomalia no sistema de auroras terrestres.
As luzes do Sul ocorrem sobre e ao redor da Antártida, de forma semelhante às luzes do Norte, nas zonas do Ártico e do Subártico. As auroras são causadas pela interação de partículas solares com moléculas de gás na atmosfera da Terra.
A Anomalia Magnética do Atlântico Sul era já conhecida por permitir que algumas partículas do Sol cheguem perto da superfície da Terra, expondo os satélites que orbitam nesse espaço a altos níveis de radiação ionizante, segundo a NASA. Zhi-Yang Liu, autor principal do estudo e investigador do Instituto de Física Espacial e Tecnologia Aplicada de Pequim, considera que anomalias magnéticas como a AMAS são essenciais para uma compreensão abrangente dos sistemas de auroras planetárias.
Os cientistas recorreram aos dados de um instrumento – utilizado para medir variações nos campos magnéticos de alta frequência – que estava a bordo do satélite FengYun-3E, presente na órbita da Terra a uma altitude de 836 km, desde 2021. Partindo da informação recolhida ao longo de dois anos, os investigadores descobriram um enfraquecimento substancial das oscilações magnéticas nas auroras do Sul, exatamente na região sobreposta à deformação encontrada.
No sentido de confirmar os resultados obtidos, os cientistas também analisaram a luz ultravioleta do local em estudo através dos dados do Sistema de Satélites Meteorológicos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O enfraquecimento das auroras foi assim confirmado e pode mesmo ser visto a olho nu, diz Liu.
O coautor do estudo, Qui-Gang Zong, também do Instituto de Física Espacial e Tecnologia Aplicada, sugere que a luz ultravioleta e a luz que é visível nas auroras funcionam de forma semelhante, e daí a possibilidade de ser visível o enfraquecimento das auroras causado pela Anomalia do Atlântico Sul.
Os investigadores acrescentam que as flutuações magnéticas enfraquecidas pela anomalia parecem reduzir a quantidade de energia que pode ser colocada na atmosfera pelas partículas solares, mas a física deste fenómeno ainda não é totalmente compreendida.