A zona leste dos EUA foi objeto de uma extensa reflorestação ao longo do último século. No mesmo período de tempo, e contrariamente ao que tem acontecido na maior parte do planeta, grande parte deste território registou um ligeiro arrefecimento de -0,2°C a -0,8°C a cada 50 anos, desde 1930. O estudo, publicado na revista científica Earth’s Future, estabelece uma correlação entre os dois acontecimentos. A investigação afirma o potencial das florestas na redução das emissões de CO2 na atmosfera, atenuando assim os efeitos das alterações climáticas.
A desflorestação provocada pelo comércio de madeira e pela agricultura haviam levado a uma perda de cerca de 90% da zona florestal até ao início do século XX. Em 1930, o corte de árvores sofreu uma descida drástica devido ao abandono dos campos e à implementação de medidas como a Lei Knutson-Vandenberg, em junho desse ano, que decretou a recolha de depósitos dos compradores de madeira para restabelecer, proteger e melhorar a produção de recursos renováveis nas áreas de venda de madeira, nomeadamente através da plantação de árvores.
Noventa anos depois, esta lei continua a garantir que as necessidades de reflorestação são satisfeitas, sendo que, de 2000 a 2020, os Estados Unidos ganharam 14 milhões de hectares de cobertura arbórea, o que equivale a 11% do total mundial.
Os cientistas, da Universidade de Indiana, recorreram a dados de satélite e de torres situadas em seis pares de locais de floresta e pastagem situados no Arkansas, na Carolina do Norte, no Indiana e em New Hampshire. Os investigadores utilizaram informação de 58 torres meteorológicas para analisar de que forma as alterações na cobertura terrestre influenciam as temperaturas do solo. Os dados recolhidos indicam que as florestas arrefecem a superfície em 1ºC a 2°C por ano, em comparação com superfícies próximas com vegetação de baixa estatura.
Partindo também da utilização de dados de uma rede de torres de medição de gás, a equipa mostrou que este efeito de arrefecimento estende-se igualmente à atmosfera em volta, com a evidência da diminuição da temperatura do ar perto da superfície em até 1°C. Os resultados demonstram que a reflorestação tem um efeito de arrefecimento mais acentuado no período de verão, precisamente quando as temperaturas elevadas podem ser mais prejudiciais.
As conclusões desta nova pesquisa sublinham os efeitos benéficos da reflorestação na adaptação do clima em regiões temperadas. A autora principal do estudo, Mallory Barnes, exalta que este não é o único fator responsável pelas alterações verificadas no último século. No entanto, realça a importância das vantagens biológicas das soluções climáticas baseadas na natureza.