Chegámos a Oaxaca às seis da manhã e partimos para o centro em busca de um hotel. Ás 9h já estávamos a calcorrear as ruas desta cidade tão bonita e particular.
Logo à saída do hotel visitámos um pequeno mercado de artesanato e produtos alimentares da região, comprámos uma garrafa de mezcal e experimentámos uma iguaria crocante: “chapulin”(grilinhos fritos).
Percorremos as ruas do mercado, até ao centro, onde decorria uma feira do livro.
Muito rica culturalmente e activa politicamente, esta cidade tem um zócalo (centro) muito agitado. Na mesma manhã podemos escutar uma orquestra no coreto e assistir a uma manifestação. Por todo o lado, existem vendedores de balões que pintam a praça de muitas cores e no meio de toda esta agitação, encontra-se mais uma fabulosa Catedral
Metropolitana.
Em frente ao zócalo encontra-se um museu interessante, Museu de los Pintores Oaxaqueños. Este museu recebe exposições dos artistas de Oaxaca, incluindo do conhecido pintor: Francisco Toledo. Esta cidade é o berço de alguns dos melhores artistas do México. Infelizmente, quando o visitámos, só tinha uma exposição no piso inferior. No entanto, encontrámos duas turmas de crianças pequenas a participarem em ateliês com jovens estudantes da escola de Belas Artes.
Seguimos caminho com destino à Iglesia de Santo Domingo, uma imponente igreja com o seu interior quase todo revestido por talha dourada. Localiza-se numa bonita praça com vários canteiros com agaves [plantas típicas do México], desenhando formas geométricas. Ao lado está o Centro Cultural Santo Domingo, originalmente um convento, posteriormente ocupado pelo exército mexicano por mais de um século, inaugurado como Museo de Oaxaca, em 1972, e por fim restaurando entre 1994-1998, com a finalidade de se tornar num museu de história e antropologia de Oaxaca. Durante a nossa visita encontrámos duas exposições temporárias: uma da artista Lola Cueto (de tapeçarias com motivos tradicionais mexicanos e fantoches para teatro infantil) e outra da joalheira italiana Rita Gallé.
Deixámos para trás o centro cultural e fomos em busca do maior mercado do estado de Oaxaca, o Mercado de Abastos. Um mercado imenso que conta com os variadíssimos produtos alimentares e artesanais deste estado tão pluricultural. Aqui encontramos, desde sementes de cacau ao famoso queijo de Oaxaca, açúcar mascavado, mel, café, animais de todos os tipos e inúmeras espécies de chilis.
De volta ao centro, passámos pela Basílica de Nuestra Señora da la Soledad. Foi construída no local onde se encontrou uma caixa contendo a imagem da virgem Maria em 1543 e foi proclamada Basílica em !959. Esta igreja, e o Templo e Convento de San José, encontram-se respectivamente em frente e ao lado da Universidad Benito Juarez de Oaxaca – Escuela de Bellas Artes.
No dia seguinte, tomámos um pequeno-almoço fabuloso no mercado e partimos com destino à Sierra Sur de Oaxaca (para a aldeia de San Mateo Rio Hondo).
Depois de três horas de viagem, e de passar a cidade de Zapotitlan, o autocarro deixou-nos num pequeno cruzamento à beira da estrada. Daí até à aldeia de San Mateo seriam cerca de duas horas e meia de caminho a pé. Por sorte, ao fim de uma hora apanhámos uma simpática boleia.
Chegámos ao início da noite e, quando estávamos numa loja a comprar alguns mantimentos, encontrámos o amigo que queríamos visitar, o Emílio, um espanhol que está no México há doze anos. Vive com a sua esposa mexicana e as suas duas filhas (de cinco e oito anos) e tem uma pequena quinta, onde produz deliciosos presuntos, através de técnicas artesanais espanholas aprendidas, com o seu pai, na Catalunha.
Permanecemos quatro dias numa bonita cabana de adobe e colmo, elaborada pelo próprio. Durante a nossa estadia, caminhámos por bosques bem conservados onde se podem encontrar flores silvestres de todas as cores e tamanhos, e inúmeras espécies de cogumelos (porcini, óvolo, hongo de venado…). É uma região montanhosa muito rica em água, onde os rios se intersectam e há vários lugares cheios de misticismo impregnados de lendas de fadas e duendes.
Num dos dias, atravessámos uma montanha, num percurso a pé de cerca de 7 km até San José del Pacífico, uma aldeia pequena mas com uma vista incrível da cadeia montanhosa.
Antes da partida, não pudemos resistir e comprámos presunto, pancetta (um bacon especial) e cogumelos apanhados e secos pela esposa do Emílio. Despedimo-nos da família, largámos o fresco das montanhas e partimos para a praia, costa sul de Oaxaca. De San Mateo para Pochutla, onde imediatamente partimos para Puerto Escondido.
Chegámos às 17h e quase sufocámos com o calor e humidade. Ficámos alojados num pequeno hotel, que se localizava a dois minutos da Playa Carrizalillo, uma praia encantadora e com poucas pessoas. Descemos até lá, para ver o pôr-do-sol dentro do Oceano Pacífico, com a água a cerca de 25ºC.
Depois do banho de mar, procurámos com afinco comer peixe! Pois desde que iniciámos a viagem que não arriscámos comer frutos do mar, dado que andámos a viajar pelo interior do México. Comemos então um agradável robalo grelhado, num restaurante localizado na baía de Puerto Escondido.
Nos dias seguintes, conhecemos a associação com a qual vamos colaborar voluntariamente durante cerca de um mês, Red de Humedales de Oaxaca. Durante todo o mês de Dezembro vamos trabalhar com tartarugas marinhas numa comunidade bastante distante. Por isso, durante três dias recebemos treino em Puerto Escondido com a bióloga Francesca Vannini e inclusive visitámos a comunidade de Los Venados onde também se fazem trabalhos de conservação com as tartarugas marinhas.
Perto do hotel, comemos uma pizza num restaurante de um emigrante italiano. Este largou a sua estável, mas stressante, vida em La Spezia, e veio com a sua esposa encontrar um estilo de vida menos lucrativo mais muito mais saudável e relaxante em Puerto Escondido. Aconselhou-nos efusivamente a deixar a Europa e a vir viver no México, como ele dizia: “Qui non si fanno i soldi, ma si vive bene! Puerto Escondido ha qualcosa di magico nell’aria, lo dicono in molti.”, ou seja, “Aqui não se ganha muito dinheiro, mas vive-se bem! Em Puerto Escondido, há qualquer coisa de mágico no ar, dizem muitas pessoas”.