Desde 1 de janeiro de 2025 que as garrafas de plástico têm de obedecer a novas regras. Depois as alterações feitas às tampas destas embalagens – presas às mesmas desde julho do ano passado – só podem agora ser introduzidas no mercado garrafas de utilização única para bebidas com menos de três litros (<3L) de tereftalato de polietileno – também designadas de garrafas PET – que contenham pelo menos 25% de plástico reciclado (incluindo cápsulas e tampas).

A nova diretiva, que visa “uma redução ambiciosa e sustentada do consumo dos produtos de plástico de utilização única”, faz parte do Decreto-Lei n.º 78/2021, publicado a 24 de setembro, e obedece à diretiva 2019/904 da União Europeia, que altera, não só, as normas relativas às garrafas de plástico como também outros produtos de plástico utilizados na comercialização do pão, frutas e legumes.

De acordo com a legislação, estima-se que até 31 de dezembro de 2026 ocorra “uma redução do consumo [dos produtos de plástico de utilização única] de 80%, relativamente a 2022” e “até 31 de dezembro de 2030, uma redução do consumo de 90%, relativamente a 2022″. Estão ainda proibidos produtos que contenham plástico oxodegradável, um material que, por não se “biodegradar convenientemente”, contribui para a poluição por microplásticos no ambiente.

Mas as mudanças não ficam por aqui. A partir de 2030, todas as garrafas feitas com este material para bebidas com <3L passam a conter, no mínimo, 30% de plástico reciclado.

Elementos da indústria publicitária integraram rastreadores de localização nos anúncios apresentados em milhares de aplicações, com a recolha a acontecer muitas vezes sem o conhecimento ou autorização dos utilizadores e dos próprios criadores das apps. Zach Edwards, analista sénior da Silent Push, explica ao 404 Media que “pela primeira vez, publicamente, parece que temos evidências de que um dos grandes vendedores de dados, a vender a clientes comerciais e governamentais, está a obter os seus dados a partir do fluxo de anúncios online” e não através de código integrado nas aplicações.

A Silent Push trabalhou de perto na análise de ficheiros obtidos na Gravy Analytics, uma das empresas que se sabe que vende dados de localização a entidades governamentais. Estes ficheiros mostram uma rara vista sobre como funciona o sistema de licitações em tempo real (RTB na sigla inglesa) e que inclui conjuntos de código que recolhe dados de localização. “Isto é um cenário de pesadelo para a privacidade, porque não só pelo vazamento de dados dos sistemas RTB, mas também porque há empresas por aí a agir como coletores globais e a fazer o que quiserem com os dados”, continua Edwards.

No grupo de dados da Gravy Analytics, há dezenas de milhões de coordenadas móveis de telemóveis nos EUA, Rússia e Europa. Alguns destes registos mostram uma referência a uma app, com o 404 Media a ter compilado uma lista destas: Tinder, Grindr, Candy Crush, Subway Surfers, Temple Run, Harry Potter: Puzzles & Spells , Moovit, My Period Calendar, MyFitness Pro, Tumblr, a app do Office 365 da Microsoft, ou o FlightRadar24. Além destas, o repositório de dados inclui referências a apps religiosas para muçulmanos e cristãos e muitas aplicações que descarregam VPN que, ironicamente, são usadas para proteger a privacidade.

Ainda não se sabe se a Gravy estava a recolher estes dados ativamente ou se os obteve através de uma outra empresa. Não há, nos registos, referências temporais, mas algumas têm a indicação do ano de 2024.

A Gravy é especializada em dados de localização que recolhe de várias fontes e que depois vende a várias empresas ou agências de autoridade diretamente ou através da sua subsidiária Venntel.

Um investigador da Adalytics que também olhou para os dados explica que “parece que pelo menos alguns destes dados vêm de licitações em tempo real ligadas a anúncios publicitários”, referindo que a expressão encontrada ‘afma-sdk’ é usada pelo kit de desenvolvimento de software Mobile Ads da Google. “Um volume relevante destes dados de geolocalização parece ter sido inferido pelos endereços IP, o que significa que o vendedor ou a sua fonte está a deduzir a localização do utilizador ao verificar o seu endereço IP, em vez de o fazer usando dados GNSS GPS” conta Krzysztof Franaszek. “O que estamos a ver nestes dados parece vir de uma grande diversidade de aplicações. Isso não é o que se vê numa ingestão de SDK; isso é o que se vê de ingestões do RTB em massa”, conclui Edwards.

A história já foi contada em várias ocasiões: um homem pretende receber autorização para procurar numa lixeira pelo disco rígido do computador portátil no qual tem a chave que dá acesso a milhares de Bitcoin mineradas em 2009 e que valem uma fortuna atualmente. James Howells tenta obter esta aprovação desde 2013, altura em que referia que, por lapso, o disco rígido tinha sido deitado fora e continha a chave para cerca de 8000 Bitcoin.

Ao preço de mais de 95 mil dólares cada, atualmente a fortuna que está naquela lixeira passa os 733 milhões de dólares, cerca de 713 milhões de euros. O juiz britânico Keyser KC acabou, na semana passada, por rejeitar o apelo dizendo que Howells não tem qualquer hipótese de ter sucesso no tribunal. Howells pedia que o dono da lixeira “entregasse o disco rígido ou permitisse que a equipa de peritos escavasse o aterro para o encontrar ou, em alternativa, lhe desse uma compensação equivalente ao valor da Bitcoin a que já não pode aceder”.

As autoridades camarárias de Newport defendem que escavar no aterro como Howells pretende iria permitir que substâncias tóxicas escapassem com “sérios riscos para a saúde pública e preocupações ambientais”.

A decisão definitiva do juiz agora foi de rejeitar o pedido de Howells, defendendo que não há “realisticamente qualquer probabilidade de ter sucesso em tribunal”.  A decisão cita um artigo de 1974 que diz que “qualquer coisa entregue às autoridades por outra pessoa no decurso do uso das instalações deve pertencer à autoridade e será tratada em conformidade”. No seu caso, Howells defende que este artigo apenas refere que os objetos pertencem à autoridade, mas não clarifica que “deixem de pertencer ao seu antigo proprietário”.

Outro argumento usado pelo juiz é o do tempo: Howells sabia dos factos desta queixa em novembro de 2013, mas apenas iniciou os processos legais em maio de 2024, passando os seis anos de limitação estabelecidos na lei. Howells tem tentado, desde novembro de 2013, aceder ao local da lixeira, em Newport, País de Gales, para encontrar o disco de duas polegadas e meia onde está o ficheiro wallet.dat com a chave privada que desbloqueia o acesso a esta recheada carteira, lembra o ArsTechnica.

Howells já reagiu, lamentando que o caso não possa sequer seguir para tribunal, não lhe dando a oportunidade de se explicar ou a “oportunidade de ter justiça sob qualquer forma”. “Não se trata de ganância, não me importo de partilhar os lucros, mas ninguém numa posição de poder está a querer ter uma conversa decente comigo… Esta decisão tirou-me tudo e deixa-me sem nada. É o grande sistema de injustiça britânico a funcionar”. Em 2021, Howells tinha oferecido às autoridades um quarto do lucro total das Bitcoin que poderiam ser distribuídos pelos residentes locais.

Sobre a razão pela qual o disco foi parar ao aterro, Howells já explicou que se tratou de um lapso, pois tinha dois discos iguais, um sem nada e outro com a chave das Bitcoin, e que pretendia deitar fora o primeiro. O aterro contém atualmente 350 mil toneladas de lixo e recebe 50 mil toneladas todos os anos. O queixoso acredita que consegue restringir a busca para uma área com aproximadamente dois mil metros quadrados e um volume entre 10 e 15 mil toneladas de lixo e que o disco, mesmo estando soterrado, ainda pode ser recuperado, pois tem uma camada de cobalto anti-corrosivo a revesti-lo.

A Nvidia apresentou na CES 2025 a mais recente versão da tecnologia DLSS 4 e anunciou que esta vai poder ser usada em todas as unidades de processamento gráfico RTX, embora os modelos mais antigos não consigam ter todas as funcionalidades.

A grande novidade do DLSS 4 é a Multi Frame Generation que gera até três fotogramas adicionais por cada um que seja renderizado, podendo multiplicar as taxas de fotogramas por segundo até oito vezes mais. Ao usar a GeForce RTX 5090, os utilizadores vão poder tirar partido de jogos com imagens 4K 240 FPS e suporte para ray-tracing, graças à Multi Frame Generation.

A DLSS 4 representa a maior atualização nos modelos de IA desde o DLSS 2, explicou a Nvidia em palco. Estes modelos vão alimentar os sistemas DLSS Ray Reconstruction, DLSS Super Resolution e DLAA, numa arquitetura moderna semelhante ao que é usada no ChatGPT e no Gemini. Com estas melhorias, a Nvidia consegue oferecer mais estabilidade temporal, menos efeitos de ghosting e maior detalhe nos objetos em movimento.

No que toca a jogos, a Nvidia conta que 75 títulos vão suportar a DLSS 4 desde o primeiro dia, com jogos como Alan Wake e Cyberpunk 2077, entre outros, a serem atualizados quando as RTX 50 chegarem ao mercado para poderem tirar partido das novidades.

As GeForce RTX 40 não vão poder receber a Multi Frame Generation, mas vão receber geração melhorada de frames, reconstrução de raios de luz melhorada, super resolução  e capacidades anti-aliasing profundas, enquanto as RTX 30 e RTX 20 vão receber apenas as últimas três funcionalidades.

Palavras-chave:

“Liberdade” foi a Palavra do Ano 2024 em Portugal, graças ao 50° aniversário do 25 de abril. Ironicamente, também é o slogan dos profetas da nova ordem mundial reinante.

Na semana passada, o Washington Post impediu a publicação de um cartoon onde quatro bilionários se curvavam perante Trump, segurando sacos de dinheiro. Um dos homens retratados é Jeff Bezos, dono da Amazon – e do próprio Washington Post. A cartoonista, Ann Telnaes, demitiu-se. Eis a segunda vez em que há indícios de interferência no jornal, depois de o seu CEO ter impedido a publicação do editorial que apoiava Kamala Harris na corrida à Casa Branca. Coreia do Norte style. Espantosamente, nenhum dos habituais e liberalíssimos paladinos bradou “censura!”.

Já Trump – que abertamente promete punir opositores e silenciar vozes incómodas – é, também, aclamado como fervoroso arqueiro da liberdade. Um ditador da liberdade, conceito inovador. Conheço por cá quem vibre de tal modo com o seu puríssimo exercício da liberdade, que aplaude até quando Trump atira que vai esmagar a Europa. Fanatismo que deriva em masoquismo. Debaixo de cada cubo de calcário da nossa calçada vive um guardião da liberdade trumpiana para atacar, perseguir, proibir, ameaçar, corromper e deportar à vontadinha nos próximos quatro anos. Deixem o pobre homem trabalhar.

Em nome do mesmo amor inabalável à liberdade, Zuckerberg – também representado a bajular Trump no cartoon – anunciou o fim do programa de verificação de factos no Facebook. Nesse caso, a inestimável liberdade é a de permitir que qualquer fluxo obscuro de dinheiro interfira em eleições, patrocine massacres, promova fake news e dissemine o ódio, a violência, o crime, o fascismo, em suma: toda a panóplia de fenómenos que, evidentemente, associamos à liberdade.

Musk – que garantiu a eleição de Trump em troca do free pass para moldar a lei americana à medida dos seus interesses – também preza imenso a nossa liberdade. E, como quem ama a nossa liberdade, interfere na política externa a favor da extrema-direita. O apoio declarado ao partido alemão AfD, por exemplo, onde literalmente se faz apologia ao nazismo, é só mais um grande gesto em nome da primordial liberdade. Venha daí a sacrossanta liberdade.

Rodeado da sua cúpula de oligarcas – de fazer inveja a Putin -, Trump concentra um poder inédito na História. Ironias à parte, começa a ser constrangedor ver tanta crendice nos novos profetas da “liberdade”. É a prova de que a vertigem popular para as ditaduras continua de boa saúde.

MAIS ARTIGOS DESTE AUTOR

+ Não é orgulho, é racismo

Mais vale esperar sentado

+ Sim. Vamos andar para trás

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Os sistemas hierarquizados são estruturas em que os seus membros estão organizados de acordo com níveis de autoridade e responsabilidade. Nos sistemas hierárquicos, a comunicação e as decisões geralmente fluem de cima para baixo, com pessoas em posições de liderança (geralmente no topo da hierarquia) exercendo controlo sobre as ações e responsabilidades dos níveis inferiores.

O sistema militar é um exemplo clássico da estrutura hierárquica constituída por classes, designadamente a classe de oficiais, a classe de sargentos e classe de praças.

Também no setor empresarial existe uma hierarquia com cargos como CEO (topo), diretores, gestores e colaboradores.

Como também existe hierarquia no poder executivo (governo), entre os ministérios, as secretarias de Estado, as direções gerais e outros servidores.

Os sistemas hierarquizados têm vantagens e desvantagens, mas poder-se-á dizer que são estruturas de gestão que organizam pessoas e funções em níveis distintos, promovendo controlo, disciplina e clareza, mas em contrapartida também podem gerar rigidez e limitações na comunicação e inovação.

No caso do Ministério Público, a sua caracterização hierarquizada está constitucionalmente consagrada no art.º 219.º, n.º 4, da Constituição da República Portuguesa, quando alude que “os agentes do Ministério Público são magistrados responsáveis, hierarquicamente subordinados (…)”.

Seguindo de perto a declaração de voto do Plenário do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) de 29.10.2019, proferida pelo, à data, vogal do CSMP, Carlos Teixeira, sempre se dirá que o sistema hierárquico no Ministério Público se pode subdividir em hierarquia funcional e hierarquia processual.

A hierarquia funcional encontra-se prevista no atual Estatuto do Ministério Público, no art.º 97.º, n.º 3, que proclama que a hierarquia é de natureza funcional e consiste na subordinação dos magistrados aos seus superiores hierárquicos, nos termos definidos no presente Estatuto, e na consequente obrigação de acatamento por aqueles das diretivas, ordens e instruções recebidas.

Por outro lado, a hierarquia processual encontra a sua consagração no n.º 4 do mesmo artigo, que institui que a intervenção hierárquica em processos de natureza criminal é regulada pela lei processual penal. Ou seja, nenhuma outra intervenção hierárquica num concreto processo de inquérito, para além das que estão previstas no Código de Processo Penal, é legalmente admissível.

A hierarquia dos magistrados do Ministério Público caracteriza-se pela subordinação dos magistrados aos de grau superior, com o consequente acatamento das diretivas, ordens e instruções que receberem, podendo os magistrados do Ministério Público exigir que tais ordens ou instruções sejam dadas por escrito, devendo sê-lo sempre que se destinem a produzir efeitos num determinado processo.

As ordens ilegais devem ser recusadas e podem sê-lo também as ordens que violem gravemente a consciência jurídica do magistrado, no que o magistrado exerce a sua autonomia.

É exatamente na consciência jurídica que reside a essência da autonomia dos Magistrados do Ministério Público e que é apregoada pelas melhores Cátedras das universidades portuguesas, mas que, quando em vestes políticas, contestam que os Magistrados dela (consciência jurídica) possam lançar mão.

A hierarquia do Ministério Público não é, por isso, uma hierarquia de carácter militar ou administrativa. E muito menos o é quando se trata de a exercer no processo penal, onde o Ministério Público atua como Autoridade Judiciária, ou seja, Órgão da Administração da Justiça e não como Órgão da Administração. A ação da Administração da Justiça deve orientar-se por critérios de legalidade e de objetividade, tendo os despachos proferidos em tais processos carácter jurisdicional ou parajurisdicional, em que as intervenções da hierarquia ocorrem apenas num único grau (à exceção da decisão do incidente de aceleração processual que compete ao Procurador-Geral da República) e apenas nas situações previstas na lei processual penal.

A intervenção da hierarquia que ocorrer fora do processo, alicerçada no estabelecido no Estatuto do Ministério Público, encontra-se limitada à emissão de diretivas, ordens ou instruções.

Tais instrumentos hierárquicos, que os magistrados do Ministério Público têm o dever de acatar, não se destinam a produzir efeitos em processos determinados, mas apenas a estabelecer formas de atuação e procedimentos gerais que possam eventualmente ter incidência em determinado tipo de processos, mas não em cada processo em particular, ou a regular aspetos específicos dos serviços.

Temos de partir do pressuposto de que os Magistrados do Ministério Público são magistrados que tiveram uma adequada formação que os capacitou para dirigirem o inquérito em obediência à lei e dentro de uma estratégia orientada para a descoberta da verdade material, segundo critérios de legalidade e de objetividade, a que devem obediência como magistrados do Ministério Público que são, com estatuto de autonomia.

Os problemas da justiça em Portugal não são fruto da inexistência, limitação ou falência da hierarquia do Ministério Público, como alguns o querem fazer transparecer no espaço mediático. Essa hierarquia existe, encontra-se plenamente contemplada e regulada no Estatuto do Ministério Público e na lei processual penal. Os problemas da justiça em Portugal estão sobejamente diagnosticados, agora só falta a prescrição, o tratamento e a cura.

Aproveito ainda a data para desejar a todos os operadores do sistema de justiça um bom ano judicial

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Mark Gurman, jornalista especializado em acompanhar a tecnológica Apple, revela que a empresa da ‘maçã’ deverá lançar um iPhone 17, com a designação Air, ainda este ano. Na newsletter que assina na Bloomberg, Gurman explica que o novo telefone vai ser “uma base de testes para tecnologias futuras”, incluindo a que pode dar origem aos primeiros dispositivos de ecrã dobrável da Apple.

O iPhone 17 Air deve ser “dois milímetros mais fino” do que os iPhone atuais, com outros rumores a apontarem para uma espessura entre os 5,5 e os 6,25 mm. O modelo deve ser usado ainda para testar o modem celular Sinope desenvolvido pela Apple e deverá ser estreado no iPhone 16E que poderá chegar ao mercado nesta primavera.

No passado, outras fontes e rumores indiciaram que o novo iPhone 17 Air vai ter um ecrã de 6,6 polegadas ProMotion OLED, com taxa de atualização de 120 Hz e uma única lente de câmara traseira de 48 MP e uma câmara de selfie de 24 MP. No interior, devemos encontrar ainda o chip A19 e 8 GB de RAM.

Nenhuma destas informações foi confirmada oficialmente pela Apple.

Palavras-chave:

Nascido em Milão, em 1942, Oliviero Toscani destacou-se no mundo da fotografia pelas campanhas publicitárias que realizou para a marca de roupa Benetton, a partir de 1983. As campanhas, com um alcance à escala mundial, foram consideradas revolucionárias e polémicas ao, por exemplo, mostrarem uma mulher negra a amamentar uma criança branca, um homem a morrer de SIDA ou reclusos no corredor da morte nos EUA. “Uma fotografia torna-se arte quando provoca uma reação, seja ela de interesse, curiosidade ou atenção”, defendeu Toscani. Diversas das suas campanhas foram proibidas na Itália e França.

Em agosto de 2024 o fotógrafo tinha revelado sofrer da doença incurável amiloidose, uma patologia rara que se caracteriza pela criação de depósitos de proteínas insolúveis nos tecidos. A família anunciou esta segunda-feira a sua morte, aos 82 anos de idade. “É com imensa tristeza que anunciamos que hoje, 13 de janeiro de 2025, o nosso querido Olivero iniciou a próxima viagem”, pode ler-se numa publicação nas redes sociais.

A KGM não é, realmente, um novo fabricante, mas sim uma reencarnação da SsangYong, agora parte do KG Group – um grande grupo económico sul-coreano. Esta nova identidade surge não apenas como uma mudança de nome, mas como um reposicionamento tecnológico da marca. O Torres EVX é o porta-estandarte desta nova fase: um SUV 100% elétrico, com aspeto robusto e recheado de funcionalidades. Mas, acima de tudo, um familiar espaçoso com uma proposta de valor interessante: um preço abaixo dos 40 mil euros, o que o torna, o SUV familiar de grande autonomia mais acessível do mercado.

E duram… e duram

O KGM Torres EVX assenta numa configuração elétrica simples, mas funcional, com um foco na fiabilidade: uma bateria LFP (fosfato de ferro-lítio), de 72 kWh úteis de capacidade, fornecida pela BYD, um gigante na produção de baterias, alimenta um motor elétrico dianteiro que debita 207 cavalos. Esta escolha tecnológica da bateria LFP, conhecida pela sua segurança e durabilidade, reflete-se na espantosa garantia de um milhão de quilómetros para este componente. É verdade que esta garantia está condicionada a um plano de manutenção, mas é importante para transmitir confiança, sobretudo para uma marca que está a chegar ao mercado.

A autonomia declarada é de 462 km WLTP, mas os valores reais são muito variáveis. Talvez um pouco mais do que habitual. Usando o nosso habitual percurso de teste, acabámos com uma média de 17 kWh/100 km e apontamos para uma autonomia real entre 300 km (em autoestrada) a 550 km em cidade. Em circuito misto, apostamos num valor em redor dos 400 km. Neste aspeto, o Torres EVX não lidera o mercado, mas também não fica muito atrás dos rivais, como o Renault Scenic E-Tech ou o Skoda Enyaq. O carregamento cumpre os mínimos exigíveis: até 11 kW AC (corrente alternada) e 120 kW DC em carregadores rápidos (85 kW de média entre 10 a 80%). A curva de carregamento tem semelhanças com o que já vimos em outros carros com baterias LFP, nomeadamente da BYD, apresentado uma evolução em degraus: valor próximo dos 120 kW entre 10% a quase 50% e depois quedas até aos 50 kW por volta dos 80%.

O espaço interior é amplo e o design minimalista resulta bem… Exceção para o volante, que parece ter vindo de outra era

Habitáculo digital

O interior do Torres EVX representa um salto qualitativo face ao legado da SsangYong, com um design mais moderno e minimalista. O destaque é, inevitavelmente, o painel digital composto por dois ecrãs largos, unidos numa peça única, que dominam o tablier. Um é dedicado ao painel de instrumentos e o outro ao infoentretimento, numa configuração que remete para o estilo já visto nas marcas sul-coreanas Kia e Hyundai.

E aqui começam as arestas por limar. O sistema de infoentretimento até tem bom aspeto, amas a interface é pouco intuitiva, a resposta ao toque é lenta e obriga a toques repetidos, o que pode gerar frustração. Para piorar, todas as funções do ar condicionado estão integradas no sistema. Sentimos, muito, a falta de botões físicos.

O Torres EVX ganha muitos pontos no espaço a bordo. Uma consequência do design simples, tipo caixa. Os bancos traseiros são verdadeiramente amplos, oferecendo conforto até aos ocupantes mais altos. O porta-bagagens, com uns impressionantes 703 litros, é um dos maiores da sua classe.

A funcionalidade não está em causa; apenas o design exterior, com a traseira exageradamente volumosa, pode dividir opiniões. Aquela simulação de ‘pneu’ suplente era perfeitamente evitável. E o mesmo se pode dizer relativamente aos suportes, em plástico, montados sobre o capot.

A tecnologia V2L permite alimentar aparelhos elétricos externos

De A para B

Na estrada, o Torres EVX assume-se como um SUV familiar focado no conforto e na funcionalidade, mas sem grandes pretensões dinâmicas. Não é um carro que impressiona pela componente dinâmica, mas a verdade é que é muito funcional para quem procura um familiar espaçoso e confortável. A suspensão lida bem com as irregularidades, mesmo com as jantes de 20 polegadas presentes na versão com melhor equipamento, a K5, absorvendo lombas e buracos com eficácia. Por outro lado, o comportamento em curva denuncia um SUV algo pesado, com inclinação notória e uma direção demasiado leve e vaga. Ainda assim, a performance é respeitável, com uma aceleração dos 0-100 km/h em 8,3 segundos, embora longe de entusiasmar os mais exigentes.

Outro ponto crítico são os pneus. A unidade testada vinha equipada com Nexen Rodian, que, mesmo em condições secas, apresentaram níveis de aderência dececionantes. Sob aceleração moderada, é fácil ouvir as rodas dianteiras a patinar, uma situação que se agrava com piso molhado. Um conjunto de pneus mais competentes poderá fazer a diferença.

Por fim, os sistemas de assistência à condução são funcionais, mas demasiado intrusivos. O excesso de alertas sonoros e visuais – muitas vezes por motivos triviais – torna-se rapidamente irritante, prejudicando a experiência geral. Sabemos, bem, que muito desta sinalética é obrigatória, mas há formas de os tornar menos irritantes.

Veredicto

O sistema de infoentretimento e a dinâmica são, claramente, os aspetos mais fracos deste carro. A que, em Portugal, se junta o nome: “Tenho um Torres”… é esquisito.

Mas este SUV simboliza um esforço louvável da KGM em modernizar-se e entrar no mercado elétrico com um produto competitivo, especialmente no que toca ao preço. A proposta de valor reside na combinação de muito espaço interior, uma lista extensa de equipamento de série, um design robusto e, crucialmente, um preço abaixo dos 40 mil euros, tornando-o uma opção muito acessível no segmento dos SUV familiares elétricos com grande autonomia. Consideramos que a versão de base já tem tudo o que realmente importa. A inclusão da bateria LFP da BYD e a consequente garantia de um milhão de quilómetros reforçam esta proposta.

Tome Nota
KGM Torres EVX – Desde €38.499

kgm.pt

Autonomia Bom
Infoentretenimento Satisfatório
Comunicações Bom
Apoio à condução Satisfatório

Características Potência e binário: 152 kW (207 cv) e339 Nm ○ Acel. 0-100 km/h 8,3 seg. ○ Vel. Máxima 175 km/h ○ Bateria 77 kWh úteis, autonomia 462 km (WLTP)  ○ Carregamento AC até 11 kW (V2L), DC até 125 kW

Desempenho: 3
Características: 4
Qualidade/preço: 4,5

Global: 3,8

Gostava que a minha mãe tivesse vindo comigo descer aquela avenida (não a da Liberdade, que percorremos todos os anos a 25 de Abril), em vez de, à mesa do almoço de sábado, me ter recomendado, antes de sair para a manifestação, como se tivesse 15 anos: “Tem cuidado, que pode haver confusão.” 

Algo vai mal para ouvir este alerta, pensei antes de encolher os ombros, como se ainda fosse a adolescente insolente de outrora, e ir ter com os meus amigos. 

Os meus amigos são aqueles milhares que percorreram comigo a avenida, em protesto contra ações gratuitas carregadas de racismo e de tratamento desigual para a população imigrante. 

Os meus amigos não são só aqueles que encontrei e abracei, como se estivéssemos todos unidos numa enorme celebração, por entre muitos cravos (segurados nas mãos, pendurados nas orelhas ou na gola dos casacos). 

Gostava que a minha mãe tivesse visto, não apenas no ecrã do telemóvel, depois de lhe ter enviado uma fotografia, o “grito” mais bonito de todos, pendurado numa varanda do primeiro andar de um dos prédios da Almirante Reis, a lembrar um dos versos da cantiga de Zeca Afonso que serviu de senha à Revolução: “Em cada esquina um amigo”. 

Este artigo é exclusivo para assinantes. Clique aqui para continuar a ler.