O Ministro Eduardo Cabrita está metido em mais um escaldante assado. Há duas semanas, um acidente na A6, que envolveu o carro onde seguia o ministro Eduardo Cabrita, fez uma vítima mortal – o trabalhador de uma obra, que estaria a atravessar a estrada, no momento da colisão. A tutela envolveu-se em versões contraditórias dos factos. E a investigação continua.
“Vai Cabrita aguentar-se só com mais algumas chamuscadelas, ou a temperatura já chegou a níveis insuportáveis, eis a questão”, lança a diretora Mafalda Anjos. “Um passageiro, que por acaso é um Ministro, à partida não é responsável pela condução. Podia ir a dormir, podia estar desligado. Mas não poder ser criminalmente responsável pelo condutor não quer dizer que não possa ser política e moralmente responsável pelo acidente e pela forma como foi gerido. Sobretudo se se provar que existiu uma tentativa de encobrimento”. “Isso tem de ser esclarecido não é nos próximos dias, é nas próximas horas com um desmentido oficial”, sublinha Filipe Luís, editor-executivo com a pasta da política. “Além de tudo o mais, além da sucessão de casos, além do desgaste junto da opinião pública, além da descredibilização junto das próprias forças que tem por missão tutelar, o ministro da Administração Interna ainda conta com a animosidade do Presidente da República, como ficou ontem, mais uma vez, vincado”, afirma. “É impossível um Ministro, seja ele qual for, resistir a esta sucessão de casos e, sobretudo, a esta gota de água.”
Outro tema em análise esta semana no programa de comentário político e económico da VISÃO foi a detenção de Joe Berardo. Cinco anos depois de a investigação ter sido iniciada, 16 anos depois da concessão dos créditos, Berardo e o seu advogado André Luiz Gomes são agora suspeitos da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais. “Este pode ser o princípio do fim da impunidade dos grandes devedores, um dos maiores catalisadores dos populismos porque a situação gera compreensível indignação”, afirma Mafalda Anjos.
Para o jornalista Nuno Aguiar, “o caso de Joe Berardo é um espelho de um certo período da banca e da política nacional”, nota. “É um bom resumo de uma altura em que o poder político tentava capturar o setor financeiro, com José Sócrates à cabeça.” No entanto, seria importante não esgotar todas as atenções em Joe Berardo. Embora ele vá servir como “para-raios” para este caso, “mais interessante será avaliar como é que aqueles créditos foram autorizados”, apurando as responsabilidades criminais de quem o fez.
Em análise neste programa estiveram ainda o pedido de esclarecimento do Presidente da república sobre isolamento profilático do Primeiro-Ministro Depois deste ter estado, ainda que vacinado, em contacto com um caso positivo, o balanço da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia e o fim da pandemia em Singapura.
Ouvir em podcast