Os emigrantes decidem dar o segundo lugar nas eleições legislativas – e com dois deputados em quatro – ao Chega, e estas eleições, que afinal ninguém queria, alteraram o posicionamento partidário da Assembleia da República. A oposição passará a ser liderada pelo partido de André Ventura (salvo melhor entendimento, trata-se apenas de uma figura de retórica).
O PS desce ao Inferno e deverá demorar anos a recompor-se, tal como aconteceu com o PSD nos últimos 20 anos. Há duas coisas, contudo, que o Governo da AD e o seu grupo parlamentar não podem ignorar: o Chega é, de facto, uma hipótese real de atingir o patamar da liderança de um Governo – como tem acontecido noutros países – e os seus votos têm origem na AD, na Iniciativa Liberal, no PS e, particularmente, na abstenção.
Estas eleições confirmaram esse fenómeno: menor abstenção e mais votos no Chega. Mais de um milhão de eleitores quer, e exige, uma mudança no estado da Nação. A exclusão do Chega de todas as matérias políticas e económicas revelou-se um desastre. O partido de Ventura tem de ser abertamente incluído na vida política nacional, e essa inclusão poderá ajudar a moderar o Chega e a diluir algumas das suas linhas estratégicas mais extremadas.
Mas há mais: André Ventura ainda não confirmou se será candidato nas presidenciais ou se, eventualmente, apoiará Gouveia e Melo já na primeira volta. De uma forma ou de outra, poderá garantir a vitória ao almirante. A concretizar-se, o Chega tornar-se-á o novo pólo político nacional, o que resultará numa agitação permanente. Mas quem decide são os eleitores, e isso merece todo o respeito. Não há partidos bons nem maus. O que há são partidos com ideias diferentes para Portugal. É o que é!