O mar do Orçamento do Estado para 2025 amainou. As ondas já estão mais calmas, mais curtas, com pouca espuma, e não perturbam a narrativa política. O Governo fez o que devia, a tempo e horas: entregou a proposta na AR e aguarda com notória tranquilidade o primeiro debate, no final deste mês.
O pior que pode acontecer é, curiosamente, o melhor cenário para a AD e o Governo: eleições antecipadas. O PS sabe disso, o Chega igualmente, e cada um, à sua maneira, tenta apaziguar os seus «diabinhos» internos. Seriam os dois partidos mais penalizados em eleições no início do ano.
Sabendo isso, Pedro Nuno Santos está a construir o guião que o salvará de uma segunda derrota em pouco tempo, mas desta vez visível, incómoda e internamente desgastante. Não há volta a dar. Teve tudo o que queria neste OE, no que é importante, e agora não pode fingir que não negociou com o PM. O menor dos males para o PS é deixar passar o OE para 2025, sabendo que terá inúmeras oportunidades nos próximos anos para vingar-se da sua neutralidade. E é de neutralidade que se trata, nesta fase.
O Chega tem outro problema, e André Ventura tem consciência disso: os 50 deputados de agora poderão ser menos no início do ano, em novas legislativas. Precisa de acalmar e construir. Estar na margem da solução e deixar para trás a fábula do “Pedro e o Lobo”.
Tranquilos, sem exageros nem premonições, o PR e o PM aguardam pelo final de Outubro e, depois, de Novembro, altura em que já conhecerão o novo ocupante da Casa Branca a partir de 20 de janeiro de 2025 (está tudo agendado para 2025!).
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