A entrevista de Luís Montenegro à SIC – excecionalmente bem conduzida por Maria João Avillez – mostrou um primeiro-ministro politicamente empenhado em puxar por Portugal, absolutamente consciente das dificuldades que enfrenta do ponto de vista da sua base parlamentar de sustentação, mas totalmente focado no cargo que os portugueses lhe conferiram, garantindo que nada mais fará politicamente quando cumprir a sua missão e sair de S. Bento.
Montenegro tem um estilo muito próprio no exercício do cargo: não gosta de perder tempo com matérias laterais, nem com jogos políticos ineficazes, e muito menos com a imobilidade na tomada de decisões. Está sempre presente, aqui e ali, no país, convoca Conselhos de Ministros a qualquer momento e em qualquer lugar, e imprimiu um ritmo elevado ao seu Governo, como se viu nos últimos seis meses.
Fechou o Orçamento do Estado para 2025, sem saber o que o PS vai fazer, e com isso afastou-se da posição difícil onde o queriam encurralar. No final deste mês se verá. Nunca poderá ser acusado de não conceder, negociar e tentar ultrapassar as dificuldades. O facto de ter sido o programa de televisão mais visto da noite passada diz tudo sobre o interesse nacional.
Só mais um pormenor muito pessoal: detesto a mudança nos interiores que foi feita em S. Bento. Aquilo não é uma residência oficial do primeiro-ministro, é um cenário da série “Star Trek”. Perdoem-me os arquitetos e designers de interiores que estiveram envolvidos naquela nave espacial. Há ali qualquer coisa de hotel experimentalista ou “b&b” futurista. Por mim, já teria virado tudo do avesso.
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