Curioso fim de semana. Muito político, muito animado, mas de conteúdo muito disperso. Ou pouco consistente. A dois meses das eleições, os portugueses precisam de saber, em concreto, o que o novo líder do PS quer mudar, e o que a AD vai fazer. Nada disso ficou esclarecido e resolvido nestes dias. Conviria lembrar, já agora, que a intenção de voto dos eleitores fica fechada muito cedo, e que os indecisos não passam de uma figura de retórica meramente estatística. Não estão indecisos no voto, mas apenas na vontade de ir votar.
- Luís Montenegro escolheu bem, no alvo, o SNS como o drama nacional que é necessário resolver, com urgência, mas estraga quase tudo quando diz que é necessário um acordo de regime para esta desgraça nacional. É uma vergonha o que está a acontecer, oito anos depois de uma governação socialista, e a última coisa que os utentes desejarão é repetir os mesmos erros. O SNS esteve ausente do Congresso do PS, disse o líder da AD, e por isso mesmo seria imperativo dizer o que vai mudar. A AD tem dois meses para ganhar, e não pode deixar tudo para o fim.
- Pedro Nuno Santos tem um pequeno-grande problema estratégico e político: para inovar tem de descolar, e isso não foi visível no congresso. E ninguém, incluindo o próprio, saberá se isso é possível. O Congresso foi uma obra de engenharia, ou talvez de fina arquitetura, que uniu todos os pedaços, usando o cimento do prolongamento do poder, mas isso não basta para ganhar. Serve para unir, dá vantagem, mas PNS tem uma gigantesca tarefa pela frente: lutar em duas frentes, mas sem as armas e a experiência dos isrealitas. É muito empático, em estilo PR, que a todos quer abraçar, mas tem de ser politicamente mais ousado e consistente.
Nada resolvido, por agora. É justo descontar: a AD e o novo líder socialista só agora é que arrancaram. É verdade. Mas o eleitorado impacienta-se facilmente.
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