O primeiro-ministro decidiu que devíamos ter eleições antecipadas. Quis que o esclarecimento das fundadas suspeitas sobre possíveis comportamentos pouco éticos ‒ o Presidente da República chamou-lhe julgamento moral ‒ fosse feito pelos eleitores e não por uma comissão parlamentar de inquérito.
Como ainda vivemos numa democracia plena e não na sua versão húngara, aqui as eleições não servem para limpar falhas éticas, fugir ao devido escrutínio ou ‒ não estando neste momento isso em causa ‒ ultrapassar a lei, ou seja, a fuga para a frente de Luís Montenegro não é mais do que um adiar das respostas e esclarecimentos que tem de dar. Este permanente acumular de assuntos mal explicados e de ações que, segundo o primeiro-ministro, não têm mal nenhum e que passados uns dias são tratados por ele mesmo como problemas reais não pode ficar sem explicação.