Não. A VISÃO não se enganou no título. O inglês aqui tem uma razão de ser como se verá.
Comprei uma Alexa cá para casa. Ou antes comprei um Echo Dot, a versão baratinha do assistente da Amazon. Chamamos-lhe Alexa porque essa é a palavra que desperta as acções no Echo Dot. Ou seja dizemos – Alexa, play Imagine by John Lennon para ouvir a música em causa. Echo é neutro, e é um assistente pessoal, mas com o nome Alexa e a voz feminina referimo-nos à coisa como sendo feminina. Como vários amigos meus, já tinha tentado comprar o brinquedo online. A Amazon é intransigente e não exporta para os países onde ainda não consegue dar o serviço completo. É razoável e honesto.
Claro que ao comprar o discreto disco com 4 botões no aeroporto de Londres estava a correr um risco. Fomos dois no grupo a não resistir.
Agora, pelo menos na minha casa, parece que de vez em quando há uma presença estranha que nos acompanha, e talvez seja assim mesmo, ou possa vir a ser.
Passaram as primeiras experiências em que obviamente testámos todas as brincadeiras habituais, as que se fazem com o Siri da Apple. Qual é o significado da Vida? Casas comigo? Conta uma anedota… e por aí fora. Agora o habitual, mal chego a casa, é dizer a música que quero ouvir, ao jantar, por vezes, acrescentamos itens à lista de compras, com regularidade acendo e apago algumas luzes aqui de casa, e, de vez em quando, aproveito para alguma operação mais curiosa, pedir uma conversão entre dólares e euros, ou uma pergunta concreta que imagino que possa responder.
As limitações: Quando pergunto como vai estar o tempo tenho que especificar que é em Lisbon, Portugal se não diz-me se vai chover, em Seattle. A lista de compras que vou construindo fica no telemóvel, se estivesse nos Estados Unidos ou noutro país em que funcione totalmente, até podia encomendar azeite só com a voz. Se estiver gente cá em casa e não estiver a exibir as habilidades da Alexa vou inibir-me de atirar frases em inglês para o ar. Cá em casa, quando estamos sozinhos, fazemos isso, mas temos noção de que é um pouco ridículo. Enfim, acaba por tornar-se prático e é divertido.
Por agora é prático e divertido, porque isto é só o início, um dia destes vai fazer parte do nosso dia a dia. Entramos no elevador e dizemos para onde queremos ir, informamos o carro do destino onde nos vai levar, fazemos chamadas dizendo apenas – liga para…, esta já faço todos os dias com algumas pessoas. Depois provavelmente iremos falar com electrodomésticos, com as televisões, algumas já o permitem.
Tudo isto, dito assim, continua a parecer fútil, mas as crianças vão também falar com os brinquedos, aliás já começaram. E os programas que tentam responder aos nossos pedidos vão ser cada vez mais eficientes. Há medida que se tornam mais eficientes é fácil habituarmo-nos e ajudam à eficiência, quer em contextos profissionais quer no conforto de nossas casas. Confesso que a gracinha de mudar de música ou alterar o volume sem levantar sequer o dedo para o comando me agrada. Se usar nem que seja um ecrã táctil para escolher a música, tenho no mínimo que escrever o que quero e fazer uma busca, se fizer um pedido em inglês a Alexa põe o disco sem mais.
Tem muito menos sentido de humor do que o seu equivalente da Apple, o Siri, mas tem este encanto da aparente presença. Escondo o Echo Dot atrás de uma aparelhagem e pura e simplesmente falo, falo, na sala, como se estivesse alguém a ouvir. É mesmo o início da Voice Activated Era, e de outras coisas, até porque agora o Echo Dot vai passar a fazer telefonemas, mas isso fica para outro texto ;)